15 de setembro de 2025
Blue Origin e Anduril entram em projeto dos EUA de
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A Força Aérea dos Estados Unidos selecionou a Blue Origin e a Anduril Industries para novos contratos de estudo num projeto ambicioso: usar foguetes para o “frete” de cargas militares a qualquer ponto do planeta em menos de uma hora. 

As duas empresas receberam aportes de até US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões) para desenvolver propostas no programa Rocket Experimentation for Global Agile Logistics (REGAL), segundo o Space.com.

O objetivo é avaliar se tecnologias hoje usadas em lançamentos espaciais podem ser adaptadas para logística terrestre, em situações que vão de reabastecimento emergencial em zonas de conflito a operações de ajuda humanitária. 

O conceito, conhecido como “rocket cargo”, é visto pelo Pentágono como um passo para transformar foguetes comerciais num serviço sob demanda, semelhante ao modelo de contratos que já mantém com companhias aéreas.

Como funcionaria a entrega de cargas por foguetes

A ideia central do projeto é relativamente simples: em vez de depender de aviões cargueiros que levam horas ou dias para chegar a regiões distantes, a Força Aérea quer usar foguetes reutilizáveis para lançar cápsulas de carga e aterrissá-las em locais estratégicos. 

Assim, seria possível entregar suprimentos militares ou ajuda humanitária de forma quase imediata, o que reduziria drasticamente o tempo e a complexidade das operações logísticas.

O que cada empresa vai desenvolver

A Blue Origin recebeu US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 7,3 milhões) para estudar como adaptar seus foguetes, como o New Glenn, ao transporte ponto a ponto de cargas. 

Blue Origin vai estudar como adaptar seus foguetes, como o New Glenn, ao transporte de cargas entre um ponto e outro do planeta (Imagem: Divulgação/Blue Origin)

A análise deve indicar de que forma veículos projetados para lançar satélites e missões espaciais poderiam ser usados também em trajetórias suborbitais com pouso rápido em locais específicos (mais sobre isso na próxima parte desta matéria).

Já a Anduril Industries, mais conhecida por seus drones militares e sistemas autônomos, ficou com um contrato de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5,6 milhões). 

Segundo o TechCrunch, a proposta prevê um contêiner capaz de levar entre cinco e dez toneladas de carga, com sistema de proteção térmica para suportar a reentrada. E que consiga acomodar diferentes tipos de equipamentos definidos pelo governo.

O desafio é criar uma cápsula reutilizável que atravesse a atmosfera sem destruir o conteúdo no caminho.

Funcionamento na prática

A proposta da Força Aérea é transformar foguetes numa espécie de “avião cargueiro espacial”. Em vez de transportar pessoas ou satélites para a órbita, os veículos seriam usados para levar cápsulas de carga de um ponto a outro da Terra em trajetórias suborbitais. 

Assim, seria possível lançar suprimentos num foguete a partir dos Estados Unidos, por exemplo, e fazer a cápsula pousar em menos de uma hora em qualquer lugar do planeta.

Ilustração de um dos foguetes dos Estados Unidos fazendo um dos fretes
Força Aérea dos EUA quer usar foguetes para levar cápsulas de carga de um ponto a outro da Terra (Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

Esse modelo permitiria atender missões urgentes, como reabastecer tropas em zonas de conflito ou levar medicamentos e equipamentos a regiões atingidas por desastres naturais. 

O transporte por foguetes não substituiria a aviação tradicional. Na verdade, funcionaria como uma alternativa de resposta rápida em situações críticas.

Quem mais já entrou na corrida do “rocket cargo”

O interesse militar por entregas rápidas via foguetes não é novo. E outras empresas já foram contratadas para estudos semelhantes, de acordo com o site SpaceNews, que acompanha o programa REGAL desde 2021. 

A Sierra Space, responsável pela nave não tripulada Dream Chaser, por exemplo, recebeu um contrato em 2024. Em 2025, a Rocket Lab também foi selecionada, com a previsão de realizar uma demonstração em voo.

Esses acordos fazem parte do programa REGAL, lançado em 2021 como o principal canal da Força Aérea para testar propostas comerciais na área. 

A ideia é que, em vez de desenvolver e manter seus próprios foguetes, o Departamento de Defesa contrate serviços de empresas privadas, num modelo parecido com o que a NASA já faz para transporte de cargas e astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Leia mais:

  • Aumento nos lançamentos de foguetes pode prejudicar a camada de ozônio
  • Por que os foguetes são lançados no Cabo Canaveral, na Flórida?
  • Como funciona o lançamento de um foguete

Próximos passos e desafios pela frente

Apesar do entusiasmo, o projeto ainda está em fase inicial e enfrenta obstáculos técnicos e financeiros. O maior desafio envolve a reentrada atmosférica: criar cápsulas que suportem o calor extremo sem comprometer a carga. 

Além disso, ainda há questões de custo e infraestrutura. Isso porque cada lançamento exige locais apropriados e logística complexa. A expectativa é que o programa REGAL avence nos próximos anos com novos estudos e possíveis testes em voo. 

Enquanto isso, o “rocket cargo” segue como um experimento que pode redefinir a forma como exércitos – e até operações civis de emergência – movimentam suprimentos ao redor do planeta.

O post Blue Origin e Anduril entram em projeto dos EUA de ‘fretes’ em foguetes apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/15/ciencia-e-espaco/blue-origin-e-anduril-entram-em-projeto-dos-eua-de-fretes-em-foguetes/