
Quatro novas espécies de cogumelos foram descobertas por uma equipe de pesquisadores brasileiros na Antártica. Um artigo relatando a pesquisa foi publicado na revista científica Mycological Progress.
Os cogumelos pertencem ao gênero Omphalina e receberam os nomes de Omphalina deschampsiana, Omphalina ichayoi, Omphalina frigida e Omphalina schaeferi. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), em São Gabriel (RS), que investigam como fungos conseguem sobreviver em ambientes tão hostis como o continente gelado.
Pesquisa levou cerca de dois anos para ser concluída
A expedição durou dois meses e contou com apoio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), da Marinha, da Força Aérea, além de bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Dos 60 dias que o grupo permaneceu na Antártica, os pesquisadores passaram 30 totalmente acampados, sem internet e enfrentando condições climáticas severas, como ventos de mais de 100 km/h e chuvas intensas que dificultavam até manter o acampamento seco.
Ao fim da viagem, as amostras de cogumelos foram congeladas e trazidas ao Brasil. Por aqui, foram submetidas a análises detalhadas, que incluíram a observação dos esporos e o sequenciamento de DNA. Esse processo levou cerca de dois anos até a confirmação das espécies e a publicação dos resultados.
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Cogumelos da Antártica podem ter diversas aplicações práticas no futuro
Segundo o pesquisador Fernando Augusto Bertazzo da Silva, doutor em ciências biológicas, os fungos chamam atenção por sua coloração, formato dos esporos e pelas associações raras com gramíneas antárticas. “Isso mostra adaptações especiais para sobreviver ao frio extremo e ao solo pobre em nutrientes”, explicou o pesquisador ao G1.

Os cogumelos encontrados desempenham funções essenciais no ecossistema da Antártica. Eles ajudam a decompor a matéria orgânica e reciclar nutrientes, além de interagir com plantas e musgos. Entender como esses organismos funcionam pode oferecer pistas valiosas sobre o impacto das mudanças climáticas na região – que influencia diretamente o clima do Hemisfério Sul, inclusive do Brasil.
Bertazzo afirma que os fungos antárticos podem gerar substâncias únicas com aplicações na indústria farmacêutica, agrícola e ambiental, como antibióticos, enzimas ou biomoléculas adaptadas ao frio – potencial que poderá ser explorado no futuro. “A Antártica é um grande laboratório natural, e ainda temos muito a aprender sobre a biodiversidade que vive escondida debaixo do gelo”.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/07/ciencia-e-espaco/brasileiros-descobrem-novas-especies-de-cogumelos-na-antartica/