9 de outubro de 2025
BYD inaugura primeira fábrica de carros elétricos no Brasil nesta
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A BYD inaugura nesta quinta-feira (2) a primeira fábrica de carros elétricos no Brasil. A instalação fica em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, na Bahia, e deve produzir 150 mil veículos eletrificados por ano na primeira fase, com expectativa de dobrar esse número.

A inauguração, marcada para às 11h30 (horário de Brasília), conta com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. O presidente da BYD, Wang Chuanfu, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, também estarão presentes.

Fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia, deu início à produção antes da inauguração oficial (Imagem: Olhar Digital)

BYD inaugura primeira fábrica de carros elétricos no Brasil

A fábrica fica no Polo Petroquímico de Camaçari e foi construída onde, antes, era o terreno da Ford. A empresa americana encerrou as atividades em 2021 e vendeu o espaço para o governo em 2023.

Em 2023, a BYD já estava de olho no local e, em março de 2024, o início das obras foi oficializado. A chinesa investiu R$ 5,5 bilhões no complexo, que tem 4,6 milhões de metros quadrados e deve gerar milhares de empregos diretos e indiretos. Segundo o g1, só a fábrica deve empregar até 20 mil pessoas.

Segundo a montadora, a planta abriga uma das linhas de montagens mais modernas do mundo, com tecnologia de última geração, automação inteligente e controle de todas as fases da produção. Robôs cuidam de tarefas como instalação de vidros e fixação de baterias, enquanto um sistema de sequenciamento inteligente prioriza a produção dos modelos com maior demanda — tudo em um ambiente de fricção silenciosa, que mantém os níveis de ruído abaixo de 70 decibéis.

Fábrica da BYD em Camaçari (BA)
Nova fábrica de Camaçari vai gerar 20 mil empregos (Imagem: Divulgação/BYD)

Como será a linha de produção da BYD no Brasil?

Na primeira fase, a unidade terá capacidade de produzir 150 mil veículos anualmente. Na segunda fase, serão 300 mil.

O sistema de produção é o de SKD (Semi Knocked-Down), em que as partes dos carros são produzidas no exterior e a montagem das peças é executada no Brasil. Com o tempo, a planta espera evoluir para a produção nacional por completo, incluindo pintura e soldagem.

Serão três unidades de produção dentro do polo de Camaçari:

  • carros eletrificados (elétricos e híbridos);
  • caminhões e chassis para ônibus;
  • processamento de insumos de baterias, como lítio e ferro fosfato.
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Em julho deste ano, a montadora apresentou o primeiro BYD Dolphin Mini 100% brasileiro (Imagem: BYD/Divulgação)

Quais carros a BYD vai produzir na fábrica?

A produção inicial terá três modelos: o elétrico BYD Dolphin Mini e os híbridos BYD Song Pro (GL/GS) e BYD King (GL/GS).

O Dolphin Mini é, atualmente, o carro elétrico mais vendido no Brasil, com mais de 34 mil unidades emplacadas.

Na fábrica, a montadora também vai desenvolver um motor híbrido flex, o 1.5 DM-i, em colaboração entre cientistas chineses e brasileiros. Ele é híbrido, pensado para rodar com gasolina e etanol.

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163 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à de escravidão (Imagem MPT/Divulgação)

Trajetória polêmica

Neste ano, a construção da fábrica entrou na mira do Ministério do Trabalho e Emprego após uma investigação descobrir que a montadora chinesa teve responsabilidade direta na vinda irregular de 471 trabalhadores chineses ao Brasil para atuar nas obras, incluindo 163 resgatados em condições análogas à de escravidão.

Os trabalhadores foram submetidos a condições de vida e trabalho extremamente precárias. Dormiam em camas sem colchões e não dispunham de armários, sendo obrigados a manter seus pertences misturados a ferramentas de trabalho e alimentos, tanto crus quanto cozidos. Em um dos alojamentos, havia apenas um banheiro disponível para cada 31 pessoas, segundo o governo.

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Representantes da BYD, Sindipeças e Abipeças discutem nacionalização das peças da BYD (Imagem: BYD/Divulgaçãoa)

Briga de gigantes

A expansão da BYD também incomodou marcas automotivas que há anos atuam no mercado brasileiro. A empresa chinesa tem conseguido praticar valores competitivos em parte pelo seu método de fabricação, com uso de peças pré-fabricadas na China a custos mais baixos — uma prática que coloca em risco a produção nacional, na avaliação da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que pressionou por intervenção do governo.

Em julho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços decidiu antecipar para janeiro de 2027 a cobrança de imposto de importação de 35% para veículos elétricos e híbridos, ante julho de 2028, atendendo um pedido da Anfavea. Na ocasião, a BYD divulgou uma carta provocando as concorrentes: “se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando.”

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A cobrança do imposto levou a montadora chinesa a lançar uma campanha com o objetivo de alcançar mais de 50% de nacionalização de partes e peças até 2027. A fábrica tem selecionado fornecedores brasileiros para desenvolver uma cadeia local de suprimentos para o complexo em Camaçari. Até lá, a linha de montagem vai operar no sistema SKD (Semi Knocked-Down).

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/09/carros-e-tecnologia/byd-inaugura-primeira-fabrica-de-carros-eletricos-no-brasil-nesta-quinta-feira/