5 de dezembro de 2025
Câmara de SP aprova regras para motos por app; Nunes
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A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeiro turno, o projeto que estabelece regras para motos por aplicativo e para o serviço de mototáxi na capital. A votação aconteceu na noite de quinta-feira (4) e marcou um novo capítulo em um debate que se arrasta ao longo de 2025, envolvendo vereadores, Prefeitura e plataformas como 99 e Uber. A proposta recebeu 29 votos favoráveis e 9 contrários, mas quase um terço dos parlamentares não chegou a registrar voto no painel.

O texto aprovado é o apresentado pelo vereador Paulo Frange (MDB), resultado de meses de discussões conduzidas pela Subcomissão do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Motocicleta, presidida pela vereadora Renata Falzoni (PSB). O tema volta ao plenário em 8 de dezembro, quando está prevista a votação em segundo turno — dois dias antes do fim do prazo dado pela Justiça para que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) publique uma regulamentação.

Transporte de passageiros por moto em plataformas como a 99 (Imagem: Divulgação/99)

Regras previstas para empresas e motociclistas

A proposta estabelece credenciamento obrigatório para plataformas que pretendem operar o serviço na cidade. O uso intensivo de motos para transporte de passageiros dependeria de autorização anual, análise de documentos e contratação de seguro de Acidentes Pessoais de Passageiros. Empresas como 99 e Uber também teriam de apresentar um plano inicial para a instalação de pontos de descanso e estacionamento.

Os motociclistas, por sua vez, precisariam atender a uma série de requisitos, incluindo idade mínima de 21 anos, CNH com Exercício de Atividade Remunerada, curso especializado e exame toxicológico com janela de 90 dias. O cadastro seria gratuito e deveria ser concluído antes do registro do condutor na plataforma.

O projeto também define características obrigatórias para as motos usadas no serviço, como placa vermelha, Certificado de Segurança Veicular, limite de oito anos de fabricação e instalação de antena “corta-pipa”. As plataformas teriam de exibir no app o certificado do veículo, vincular apenas um veículo por motorista e manter ativo o seguro APP.

Limitações de circulação e multas altas

As regras incluem restrições de circulação em faixas e corredores de ônibus, vias de trânsito rápido e regiões como o mini-anel viário e a ZMRC. Há ainda proibição durante eventos adversos, como chuvas intensas e baixa visibilidade.

Para empresas, as penalidades podem chegar a R$ 1,5 milhão por infração, com valores reajustados anualmente pelo IPCA. A Prefeitura também receberia dados detalhados sobre viagens, incluindo origem, destino, trajetos, sinistros e telemetria.

Críticas das empresas ao projeto

A Amobitec, associação que representa plataformas como Uber e 99, afirmou que o texto aprovado “inviabiliza a operação” e é inconstitucional. Segundo a entidade, as exigências extrapolam a legislação federal, sobretudo pela obrigatoriedade de placa vermelha e pelo credenciamento prévio sujeito ao prazo de 60 dias. A associação argumenta que isso permitiria à Prefeitura não autorizar nenhuma empresa ou condutor, criando uma barreira indireta ao serviço.

As plataformas já haviam anunciado a intenção de retomar as operações de moto por aplicativo em 11 de dezembro, após decisão do STF que derrubou uma lei estadual sobre autorização do serviço. A medida foi divulgada como uma retomada semelhante ao modelo aplicado no Rio de Janeiro, segundo as empresas.

Prefeito nega retomada dos serviços no dia 11 de dezembro

Em declaração, o prefeito Ricardo Nunes rejeitou a possibilidade de retorno das motos por aplicativo na data anunciada pelas empresas. Segundo ele, a atividade depende antes da decisão do STF sobre dois casos pendentes e, se o resultado for desfavorável à Prefeitura, as empresas terão de seguir a regulamentação municipal que será apresentada nos próximos dias.

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Atividade depende da decisão do STF sobre casos pendentes, afirma o prefeito de São Paulo (Imagem: caio acquesta / iStock)

“As empresas, essas que são famintas por dinheiro, por recursos para enviar aos seus países, elas precisam entender que não podem começar no dia 11 porque precisam aguardar a decisão do STF”, afirmou Nunes (via UOL).

A Prefeitura sustenta que a proibição é motivada pelo aumento de 20% nas mortes de motociclistas entre 2023 e 2024, além de gastos estimados em R$ 35 milhões com atendimento a traumas.

Disputa jurídica segue aberta

A discussão ganhou força após decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que considerou inconstitucional o decreto municipal que impedia a atividade. A determinação deu prazo de 90 dias para que a Prefeitura regulamentasse o serviço — limite que se encerra em 8 de dezembro. Caso não haja novas regras, as plataformas ficariam autorizadas a voltar a operar.

Ricardo Nunes afirma ter respaldo da legislação federal para manter a proibição, e diz acreditar que o STF validará o decreto municipal.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/05/carros-e-tecnologia/camara-de-sp-aprova-regras-para-motos-por-app-nunes-contesta-retorno/