7 de agosto de 2025
O que é e como funciona o leilão de carros?
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Se você já pesquisou preços de carros, deve ter notado uma diferença gritante entre os valores praticados no Brasil e em outros países. Mas e quando falamos de veículos fabricados aqui mesmo? Será que o carro produzido no Brasil é mais barato do que o importado? A resposta não é tão simples quanto parece; envolve impostos, custos logísticos, política industrial e até questões cambiais.

Muitos brasileiros ainda acreditam que, por serem montados localmente, os veículos nacionais deveriam custar menos. No entanto, essa equação envolve muito mais do que só o local de montagem. O preço final que chega às concessionárias é o resultado de uma cadeia complexa de produção e tributação, que varia dependendo da origem, do modelo e até da estratégia da montadora.

Veículos fabricados no Brasil ficam mais baratos que os importados?

Quando comparamos um carro supostamente barato produzido no Brasil com o mesmo modelo importado, o cenário tende a favorecer o nacional. Mas essa vantagem não é garantida em todos os casos, nem sempre o consumidor sai ganhando tanto quanto imagina.

Em média, veículos fabricados em território brasileiro têm menos incidência de impostos como o Imposto de Importação (II), que pode chegar a até 35% sobre o valor do carro trazido de fora. Além disso, os custos logísticos de transporte, seguro internacional e taxas alfandegárias são evitados no processo local.

Foto de um Fiat Mobi e outros veículos em frente a uma concessionária – Crédito editorial: Martin Pastene / Shutterstock.com

No entanto, isso não quer dizer que o carro brasileiro é necessariamente “barato”. Ele só tende a custar menos do que o importado equivalente, mas ainda pode ser caro para o bolso do consumidor médio, especialmente quando comparamos com preços praticados em outros países. Vamos entender por partes.

Impostos: o peso invisível no preço do carro

O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo. Em cima de cada veículo vendido, incidem tributos como:

  • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
  • PIS e COFINS;
  • Imposto de Importação (no caso de modelos estrangeiros).

O Imposto de Importação, por si só, já torna o modelo importado menos competitivo, encarecendo consideravelmente o valor final. Esse é um dos principais motivos para os veículos produzidos no Brasil parecerem mais vantajosos no papel.

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Montagem local: redução de custos e incentivos

Montadoras que operam em solo brasileiro contam com incentivos fiscais em diversas regiões, como o Nordeste e o Centro-Oeste, além de vantagens logísticas. Produzir localmente evita custos elevados com transporte marítimo e seguro internacional.

Além disso, o uso de peças fabricadas aqui mesmo ou no Mercosul ajuda a baratear os custos de produção, ainda que a qualidade ou tecnologia de alguns componentes seja inferior à encontrada em modelos internacionais.

(Imagem: Phonlamai Photo/Shutterstock)

Essa prática é conhecida como local content, ou conteúdo local, e costuma ser uma exigência de políticas públicas que visam gerar empregos e fortalecer a indústria nacional.

Modelos idênticos: um comparativo real

Algumas marcas comercializam o mesmo modelo no Brasil e em outros países. Pegue o Jeep Compass, por exemplo: produzido em Pernambuco, ele também é vendido em países como México e Estados Unidos. A diferença? Lá fora, o mesmo veículo pode custar até 30% menos.

O motivo principal é o poder de compra e o posicionamento de mercado. Montadoras ajustam os preços de acordo com o que o público local pode pagar, além de adaptar o modelo para atender às regulamentações técnicas de cada região.

Assim, mesmo sendo um carro produzido no Brasil na comparação com modelos importados, ele ainda pode custar mais que o mesmo carro vendido lá fora.

Jeep Compass 2022. Imagem: Jeep/Divulgação
Jeep Compass 2022. Imagem: Jeep/Divulgação

Veículos de marcas diferentes: o que vale mais?

Nem sempre é justo comparar um modelo brasileiro com um importado totalmente distinto em segmento, potência ou público-alvo. Mas, ao fazer isso, é comum perceber que carros importados oferecem mais tecnologia, segurança e acabamento mesmo custando apenas um pouco mais.

Isso acontece porque, ao importar um modelo de alto padrão, mesmo com impostos, algumas marcas conseguem entregar mais valor agregado. Isso pode justificar a diferença de preço e atrair consumidores dispostos a pagar mais por um produto superior.

Custo Brasil: o vilão silencioso

O termo Custo Brasil é frequentemente citado quando se fala em produção nacional. Ele engloba uma série de entraves que aumentam o custo de se produzir no país, como:

  • Burocracia excessiva;
  • Logística deficiente;
  • Alta carga tributária;
  • Baixa produtividade industrial.

Tudo isso encarece o processo como um todo, reduzindo a margem de manobra das montadoras. Ou seja: mesmo produzindo aqui, os custos ainda são altos, e isso reflete diretamente no preço final.

Honda Civic
Frente de um Honda Civic – Imagem: kurmyshov / iStock

Estratégias de mercado e posicionamento das montadoras

Outro fator importante é a estratégia comercial das marcas. Algumas montadoras posicionam seus veículos nacionais como opções “populares” ou de entrada, enquanto reservam os modelos importados para versões mais sofisticadas ou luxuosas.

Essa diferenciação ajuda a justificar os preços mais altos dos importados mesmo quando o custo de produção ou importação poderia ser mais competitivo. O marketing, nesse caso, dita boa parte do valor percebido pelo consumidor.

O consumidor brasileiro paga mais, independentemente da origem

Por fim, vale lembrar que o brasileiro paga caro por carros. Seja nacional ou importado, o veículo chega às mãos do consumidor com valores altos, seja por causa dos impostos, do câmbio, da baixa concorrência ou do Custo Brasil.

Em países como Estados Unidos, Alemanha ou Japão, um trabalhador médio consegue comprar um carro popular com 10 a 15 salários mínimos. No Brasil, esse número pode passar de 30.

Essa disparidade mostra que, embora o carro produzido no Brasil possa ser mais barato em relação ao importado, ainda está longe de ser acessível para a maioria da população.

Conclusão: carro nacional é mais barato, mas nem sempre vale mais a pena

Sim, um carro produzido no Brasil tende a ser mais barato que um modelo importado, principalmente por conta dos impostos e da logística. Mas isso não quer dizer que ele seja barato no sentido absoluto, nem que seja melhor negócio.

O consumidor deve pesar fatores como valor agregado, tecnologia embarcada, custo de manutenção, pós-venda e durabilidade. Às vezes, um investimento maior em um modelo importado pode se pagar com o tempo.

E mais: é fundamental cobrar políticas públicas que incentivem a produção nacional de forma eficiente, reduzindo o Custo Brasil e tornando os carros realmente acessíveis e não só “menos caros” que os importados.

O post Carros produzidos no Brasil são mais baratos que importados? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/07/carros-e-tecnologia/carros-produzidos-no-brasil-sao-mais-baratos-que-importados/