8 de agosto de 2025
Tarifaço: Trump menciona Moraes e big techs como justificativa
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A Casa Branca voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes nas redes sociais. Dessa vez, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil usou o X para acusar Moraes de “censura e perseguição contra Bolsonaro”, e violação de direitos humanos.

A publicação é mais uma entre outros ataques feitos por políticos americanos – incluindo o presidente Donald Trump – ao ministro brasileiro. Relembre alguns dos casos que aconteceram nas últimas semanas.

Comunicado foi publicado no X e no Instagram (Imagem: Embaixada dos EUA no Brasil/Reprodução)

Embaixada dos EUA no Brasil criticou Moraes nas redes sociais

A publicação, feita no X na quinta-feira (17), dizia que o “ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores”, e que ele foi sancionado pela Lei Magnitsky devido a violações de direitos humanos.

A Embaixada ainda afirmou que está “monitorando a situação de perto” e mandou um recado para aliados de Moraes:

A publicação foi em resposta a Darren Beattie, Secretário Adjunto de Diplomacia Pública dos EUA, que também já fez várias críticas ao ministro brasileiro. Desta vez, ele acusou Moraes de ser “o arquiteto principal de um complexo de censura e perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.

Vale lembrar que as acusações de censura, perseguição e violação de diretos humanos dos americanos são devido ao caso de Jair Bolsonaro. Ele é réu por tentativa de golpe de Estado durante e depois das eleições de 2022. São vários crimes investigados – um deles, a tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Acompanhe a escalada da tensão entre Alexandre de Moraes e os americanos abaixo.

logos de x e stf
Políticos americanos têm usado o X para se direcionar a Moraes (Imagem: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock)

Trump citou Moraes no documento do tarifaço

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou, no dia 30 de julho, o decreto que impõe tarifas adicionais de 40% para o Brasil. A medida entrou em vigor no dia 6 de agosto, totalizando 50% de taxas para produtos brasileiros.

Alguns itens ficaram de fora. Você pode conferir a lista neste link.

No comunicado da Casa Branca que formalizou as tarifas, Trump mencionou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como responsável por uma perseguição política que excluiu empresas norte-americanas do país.

O embate entre os americanos e Moraes não é de hoje. O Olhar Digital vem reportando casos em que o STF agiu para controlar excessos das big techs no Brasil, e que renderam críticas e acusações por parte de Trump. Relembre alguns deles:

  • Em agosto do ano passado, Moraes determinou o bloqueio do X (antigo Twitter) porque a empresa devia milhões de reais em multas e descumpriu diversas ordens da Justiça, como não bloquear perfis que supostamente disseminavam discursos de ódio e ataques à democracia;
  • Já no início deste ano, Moraes suspendeu a operação do Rumble e determinou que a rede social bloqueie a conta do influenciador Allan dos Santos, investigado por crimes como calúnia, lavagem de dinheiro e incitação ao ódio. Ele está foragido nos Estados Unidos. Na época, o governo dos EUA considerou a medida como “censura”;
  • Mais recentemente, o STF decidiu responsabilizar as big techs pelos conteúdos publicados pelos usuários nas redes sociais. Na prática, elas terão que excluir por conta própria publicações que ferem as políticas das plataformas, como discurso de ódio e desinformação (sem precisar de uma ordem judicial direta para isso). A medida não agradou as empresas, que citaram “riscos à liberdade de expressão”;
  • Já a carta da Casa Branca emitida no final de julho mencionou o caso de Paulo Figueiredo, influenciador político de direita e neto do ex-presidente militar João Figueiredo, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por participar da trama golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele mora nos EUA e foi notificado da denúncia por edital. Trump o defende dizendo que se trata de uma “perseguição contra cidadãos americanos”.
Donald Trump com a mão erguida enquanto anda
No counicado do tarifaço, Trump citou Moraes nominalmente (Imagem: Rawpixel.com / Shutterstock)

EUA x Moraes: acusações e ataques no X não são de hoje

No dia 14 de julho, semanas antes da oficialização do tarifaço, Darren Beattie publicou no X que Donald Trump havia enviado uma carta ao Brasil impondo consequências contra uma suposta perseguição política do STF contra Bolsonaro.

Poucos dias depois, em 18 de julho, ele voltou a acusar Moraes de perseguição, se referindo ao caso como uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, e que isso estaria afetando cidadãos americanos. Na ocasião, ele escreveu que revogou os vistos de Moraes, seus aliados e seus familiares diretos.

Na semana seguinte, em 24 de julho, Beattie continuou. Dessa vez, escreveu que “o ministro Moraes é o coração pulsante do complexo de perseguição e censura contra Jair Bolsonaro, que, por sua vez, restringiu a liberdade de expressão nos Estados Unidos”. Segundo ele, Trump e Marco Rubio, Secretário de estado dos EUA, estariam tomando as providências.

No dia 30 de julho, foi a vez de Rubio se pronunciar. O Secretário anunciou que Trump havia sancionado Alexandre de Moraes através da Lei Magnitsky, usada para punir supostos violadores de direitos humanos no exterior, e que isso deveria “servir de alerta”. A sanção significa que, caso o ministro tenha empresas ou controle de 50% ou mais de companhias nos EUA, elas serão bloqueadas.

No mesmo dia, a Secretaria de Assuntos do Hemisfério Ocidental publicou que os EUA usariam “todos os instrumentos diplomáticos, políticos e legais apropriados e eficazes para enfrentar atores estrangeiros malignos”.

Já nesta semana, no dia 4 de agosto, o Vice-secretário de Estado, Christopher Landau, voltou a criticar Moraes no X, dizendo que a prisão domiciliar de Bolsonaro teria sido apenas porque o ex-presidente “criticou o ministro”. Ele também acusou o Brasil de “uma ditadura judicial”.

No dia 6, foi a vez de Beattie acusar novamente Alexandre de Moraes, o que rendeu a publicação da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

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Em mais de uma ocasião desde o anúncio do tarifaço, Lula defendeu a soberania nacional – incluindo que as big techs que operam no Brasil devem seguir as leis brasileiras (Imagem: Wagner Vilas / Shutterstock)

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Caso pode ser uma tentativa de desmoralizar democracia brasileira

Analistas consultados pela Agência Brasil fizeram um alerta: a extrema-direta (tanto no Brasil, quanto nos EUA) está distorcendo a realidade dos processos judiciais no Brasil para sustentar um cenário de censura e perseguição, e desmoralizar as autoridades e a democracia brasileira.

O post “Censura e perseguição”: Embaixada dos EUA no Brasil ataca Alexandre de Moraes nas redes sociais apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/08/internet-e-redes-sociais/censura-e-perseguicao-embaixada-dos-eua-no-brasil-ataca-alexandre-de-moraes-nas-redes-sociais/