
O ChatGPT, e outros sistemas de IA generativa, já fazem parte do cotidiano das pessoas e, quando bem utilizado, melhora sensivelmente a produtividade do usuário. Por outro lado, será que ele também está te deixando um pouco mais burro?
Essa questão foi levantada pelo The Wall Street Journal, destacando que, antes da popularização da IA, nós tirávamos de letra as tarefas mais analíticas que surgem no dia a dia de trabalho, conseguíamos analisar problemas com maior facilidade, organizar pensamentos e até concatenar ideias com tranquilidade.
Mas por que fazer essas coisas parece ter ficado tão difícil?
A resposta, segundo a matéria, está na nossa maior dependência tecnológica. Como a IA generativa torna as tarefas citadas acima mais simples e rápidas, ela também remodela a “forma como trabalhamos, aprendemos e pensamos”, explica o jornal. Ou seja, a tecnologia nos deixa mais preguiçosos para lidar com processos que até pouco tempo atrás fazíamos sem pensar.
Para Darja Djordjevic, psiquiatra do Harlem Hospital e da Universidade de Columbia, “a máquina está sempre disponível, infinitamente entusiasmada e aparentemente competente em todos os domínios”, explica ela ao WSJ. Isso contribuiu para evitar o “desconforto de começar do zero, oferecendo recompensas em segundos”.

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E como nosso cérebro busca incessantemente formas de superar dificuldades, optar por atalhos como o fornecido pela IA generativa é um caminho natural. No entanto, alerta a matéria, “as tecnologias anteriores afetavam habilidades discretas, as ferramentas de IA generativa aumentam os riscos”. Por serem autônomas, entregamos nossas necessidades a elas e esquecemos.
Saiba o que você pode fazer para manter seu cérebro em ordem
Ao “desligarmos nosso cérebro” e entregarmos tarefas comuns para o ChatGPT, estamos contribuindo para a “atrofia cognitiva a longo prazo” de uma maneira muito mais significativa que antes. Mas é possível frear essa dependência. O WSJ dá algumas dicas para, pelo menos, mantermos nossas capacidades cognitivas em segurança.

- Assim como acontece com os músculos quando não são exercitados, nossas capacidades mentais também enfraquecem quando deixamos que a IA assuma tarefas em nosso lugar. Para evitar esse efeito, é recomendável organizar e registrar suas próprias ideias antes de recorrer ao ChatGPT, refletindo sobre o problema e só então pedindo à IA que aperfeiçoe o que já foi produzido.
- Quando recorremos à IA para obter respostas imediatas, acabamos nos desligando do problema e isso prejudica tanto a memória quanto a compreensão profunda. Pesquisas do MIT indicam que quem deixa o ChatGPT escrever redações tende a esquecer grande parte do conteúdo gerado, e o WSJ alerta que o perigo não é só perder fatos isolados, podemos deixar de entender conceitos e ideias porque as explicações já vêm prontas. Uma alternativa é usar o ChatGPT como um professor: peça instruções passo a passo em vez de respostas prontas, e então reformule o raciocínio com suas próprias palavras para fixar melhor o aprendizado.
- Aceitar respostas da IA sem questionar pode enfraquecer o pensamento crítico e levar a erros ou conclusões tendenciosas. Um estudo da Microsoft mostra que a dependência excessiva dessas ferramentas está ligada à redução da capacidade de análise. Para evitar esse problema, é útil aplicar o chamado “esforço cognitivo”, revisando cada ponto da resposta, conferindo possíveis falhas e reescrevendo o resultado com originalidade, o que leva a uma reflexão própria em relação ao que foi questionado ao ChatGPT.
- Por fim, fazer as coisas sozinhos, sem a parceria com a IA, é, segundo o WSJ “o caminho mais direto para preservar suas faculdades intelectuais. Como não é possível abandonarmos completamente a tecnologia, uma alternativa é criarmos períodos livres de IA, o que nos ajuda a manter a mente viva e preservar nossas capacidades cognitivas intactas.
Lembre-se: a IA generativa é uma parceira importante para nossa produtividade, mas seu uso indiscriminado pode trazer mais problemas do que soluções.
O post ChatGPT pode estar deixando você menos inteligente? apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/06/carros-e-tecnologia/chatgpt-pode-estar-deixando-voce-menos-inteligente/