
Na noite desta quarta-feira (15), a China realizou o 600º lançamento da série de foguetes Long March. A missão teve como objetivo expandir a megaconstelação de satélites de internet banda larga Guowang, reforçando a presença do país no espaço e a competição com a rede Starlink, da SpaceX.
Um foguete Long March 8A decolou às 22h33 (horário de Brasília) da plataforma 1 do Centro de Lançamento Espacial Comercial de Hainan, no sul da China. Em comunicado oficial, a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) confirmou o sucesso da missão e que a carga útil, até então não revelada, era o 12º grupo de satélites Guowang – sem divulgar, no entanto, a quantidade exata de equipamentos lançados.
Close-up lifting up footage of the CZ-8A. via China航天 pic.twitter.com/jgtyC8FqW2
— Ace of Razgriz (@raz_liu) October 16, 2025
Os satélites foram desenvolvidos pela Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), ligada à CASC. Lançamentos anteriores do mesmo projeto transportaram nove unidades por voo, indicando que este provavelmente seguiu o mesmo padrão. Se for isso mesmo, existem agora 95 satélites Guowang operacionais em órbita da Terra, além de alguns equipamentos de teste. O objetivo é criar uma rede de quase 13 mil espaçonaves.
Liderado pela estatal China SatNet, o projeto busca concorrer comercialmente e estrategicamente com a Starlink, dos EUA. A meta de curto prazo é ter 400 satélites ativos em órbita até 2027.
China successfully launched 12 Internet satellites into orbit using the Long March 8A carrier rocket at the Wenchang Space Launch Center in Hainan at 9:33 on October 16, 2025. This marks the 600th flight of the Long March series. Full HD:https://t.co/I8VpaGthEN pic.twitter.com/4bP8CJNdm8
— CNSA Watcher (@CNSAWatcher) October 16, 2025
Lançamentos espaciais estão em ritmo acelerado na China
Conforme explica o SpaceNews, o foguete Long March 8A é uma versão aprimorada do Long March 8 padrão. Mantém propulsores laterais, motores de hidrogênio-oxigênio líquido no segundo estágio e uma carenagem maior, de 5,2 metros de diâmetro, para acomodar múltiplos satélites. Todos os quatro lançamentos desta versão até agora transportaram lotes da constelação Guowang.
O aumento no ritmo de lançamentos é notável. O primeiro voo da série Long March ocorreu em 24 de abril de 1970, com o satélite Dongfanghong-1. O 100º lançamento só foi alcançado em 2007. A partir daí, a cadência cresceu: o 200º lançamento em 2014, o 300º em 2019, o 400º em 2021, o 500º em 2023, até chegar ao 600º este ano.
Os foguetes mais antigos da série, como Long March 2, 3 e 4, utilizam combustível hipergólico. Já os modelos mais recentes, como Long March 5, 6, 7 e 8, usam combinações de hidrogênio-oxigênio líquido ou querosene-LOX, mais eficientes e potentes.
Futuros lançamentos incluem o Long March 10, para levar astronautas à Lua, e o superpesado Long March 9. O Long March 12A poderá ser o primeiro foguete reutilizável da série.
A missão desta quarta-feira marcou o 62º lançamento orbital da China em 2025, aproximando-se do recorde anual de 68 missões, alcançado em 2024. A agenda de lançamentos do mês inclui o Long March 6A de Taiyuan na sexta (17), o foguete sólido Lijian-1 de Jiuquan no sábado (18), o Long March 5 de Wenchang na quarta-feira (22) e o Long March 3B de Xichang no domingo (26).
Embora sejam divulgadas as datas e locais de lançamento, as cargas úteis de cada missão só são confirmadas após a decolagem.
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Com cada missão, além de enviar novos satélites, a China também consolida sua capacidade de manter constelações complexas de internet banda larga em operação. Esse avanço reforça a autonomia tecnológica chinesa e aumenta sua visibilidade estratégica no espaço, em um momento em que a competição por satélites de comunicação e domínio orbital se torna cada vez mais acirrada globalmente.
SpaceX lança satélites para rede de internet concorrente da Starlink
Imagine um time de futebol que, por contrato, cede seu melhor jogador para reforçar o ataque do seu maior rival no campeonato. No mundo da tecnologia espacial, algo semelhante está acontecendo. A SpaceX está ajudando a Amazon, sua concorrente direta no mercado de internet via satélite, a colocar sua própria rede em órbita.
Embora possa parecer estranha, essa “parceria” faz parte de um acordo comercial. A Amazon precisa de foguetes para construir sua constelação de satélites, e a SpaceX possui a tecnologia mais confiável e disponível atualmente. Na segunda-feira (13), aconteceu o terceiro de uma série de lançamentos contratados – os anteriores foram em julho e agosto deste ano. Saiba mais aqui.
O post China avança com megaconstelação de satélites para competir com a Starlink apareceu primeiro em Olhar Digital.
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