A China criou um fundo de mais de R$ 245 bilhões para fortalecer sua indústria de semicondutores, buscando reduzir a dependência de tecnologia estrangeira e enfrentar as restrições impostas pelos Estados Unidos à exportação de chips avançados.
O valor representa o maior fundo de semicondutores já criado pelo país até o momento, totalizando 344 bilhões de yuans (R$ 245 bilhões). Esta é a terceira fase lançada pelo Fundo de Investimento na Indústria de Circuitos Integrados da China e é o dobro do valor arrecadado nas fases anteriores em 2014 e 2019.
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O fundo foi registrado na sexta-feira, 24 de maio, de acordo com o Sistema de Publicidade de Informações de Crédito Empresarial Nacional. O Ministério das Finanças da China detém a maior participação, com 17%, enquanto cinco grandes bancos estatais chineses possuem cerca de 6% cada. Esses bancos incluem o Banco Industrial e Comercial da China, o Banco de Construção da China, o Banco Agrícola da China, o Banco da China e o Banco de Comunicações.
Contexto das restrições dos EUA e aumento de demanda
Esse financiamento segue várias rodadas de restrições dos EUA à exportação de semicondutores avançados e equipamentos de fabricação de chips para a China. As restrições mais recentes, introduzidas em outubro, afetaram significativamente os embarques de chips de inteligência artificial para o país.
Globalmente, outras grandes potências econômicas também introduziram pacotes de apoio à indústria devido ao aumento da demanda por chips avançados e preocupações com a cadeia de suprimentos.
Os EUA recentemente alocaram até US$ 6,4 bilhões (R$ 33 bilhões) para a Samsung Electronics e US$ 6,6 bilhões (R$ 34 bilhões) para a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. como parte do Chips Act de US$ 53 bilhões (R$ 274 bilhões). Da mesma forma, a Coreia do Sul anunciou na semana passada um pacote de US$ 19 bilhões (R$ 98 bilhões) para sua indústria de chips.
Investimento em cadeias de suprimentos domésticas
- Os fabricantes de chips chineses estão aumentando os investimentos em cadeias de suprimentos domésticas e no desenvolvimento de chips avançados.
- Segundo a SEMI, empresas chinesas iniciarão 18 projetos de fabricação de chips este ano, expandindo a capacidade de fabricação de chips da China em 12%.
- Empresas chinesas compraram mais de R$ 155 bilhões em equipamentos de fabricação de chips no ano passado, representando cerca de um terço do total global.
- A maioria das novas fábricas de chips da China está se concentrando em chips de geração anterior, não afetados pelas atuais restrições dos EUA.
- Analistas acreditam que o novo fundo pode ajudar as empresas a avançar nas capacidades de fabricação de chips e a fortalecer a produção de chips de tecnologias estabelecidas.
- Atualmente, as fundições chinesas detêm uma participação relativamente baixa no mercado global e, apesar do investimento multibilionário, ainda deve demorar para o país fazer frente aos EUA no mercado de chips.
Participação de mercado e perspectivas futuras
A Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC) e a Hua Hong Semiconductor, duas das maiores fundições de chips da China, detinham cerca de 8% da participação no mercado global de fundições no primeiro trimestre, enquanto a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. representava 62%.
O fundo pode funcionar como uma empresa de gestão de ativos, assumindo participações em empresas de chips públicas e privadas, e possivelmente atuando como investidor principal para apoiar as avaliações e atrair outras empresas estatais.
O tamanho significativo do novo fundo indica os esforços contínuos e acelerados da China para construir um ecossistema doméstico de semicondutores, apesar das restrições dos EUA. Isso se refletiu no mercado, com as ações da SMIC subindo 7,4% e as ações da Hua Hong ganhando 11,5% na segunda-feira.
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