Nos confins do Sistema Solar, os ciclones de Júpiter voltaram a chamar a atenção dos cientistas. Lia Siegelman, oceanógrafa física da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou surpreendentes semelhanças entre as camadas gasosas do planeta e os oceanos da Terra.
Inicialmente, em um estudo publicado em 2022, Siegelman demonstrou que os ciclones jovianos são movidos por convecção, da mesma forma que as tempestades da Terra.
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Agora, a pesquisadora descobriu mais semelhanças entre os dois planetas, segundo o site Space.com. Usando imagens de satélite do gigante gasoso capturadas pela espaçonave Juno, da NASA, sua equipe analisou os filamentos encontrados entre os vórtices de Júpiter – também descritos como “gavinhas esvoaçantes”.
Esses filamentos são semelhantes às frentes encontradas nos oceanos e na atmosfera da Terra – como as frentes frias ou frentes de tempestade –, que são zonas de transição entre massas de densidades diferentes, geralmente influenciadas pela temperatura e salinidade.
“Júpiter é basicamente um oceano de gás”, afirmou Siegelman.
Como foi feito o estudo?
No estudo, publicado em junho na Nature Physics, Siegelman e sua equipe observaram, por meio da análise de imagens infravermelhas, que os filamentos se comportam de maneira parecida com as frentes terrestres, associadas frequentemente a ventos fortes ou correntes ao longo de suas bordas.
Esse comportamento é crucial para impulsionar os ciclones de Júpiter, sugerindo que os filamentos ajudam no transporte de energia térmica do interior de Júpiter para sua atmosfera superior.
A equipe aplicou métodos da Oceanografia e da Ciência Atmosférica para calcular as velocidades verticais dos ventos nos filamentos, confirmando assim a semelhança no comportamento entre as frentes da Terra e as de Júpiter.
Estima-se que os filamentos contribuam para cerca de “um quarto da energia cinética total que alimenta os ciclones de Júpiter e quarenta por cento do transporte vertical de calor”, de acordo com a pesquisa.
“É fascinante que frentes e convecção estejam presentes e sejam influentes tanto na Terra quanto em Júpiter – isso sugere que esses processos também podem estar presentes em outros planetas distantes”, concluiu Siegelman.
Este estudo não apenas abre novas perspectivas sobre a dinâmica de Júpiter, mas também reforça a ideia de que as leis da física se manifestam de formas universalmente consistentes, conectando nosso planeta a processos cósmicos distantes.
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