
Uma nova pesquisa estimou que as rochas do Cinturão de Rochas Verdes Nuvvuagittuq, no Canadá, podem ser as mais antigas do mundo. Segundo o estudo, elas têm mais de 4,16 bilhões de anos e remontam aos primeiros momentos da Terra.
Esse cinturão está na costa oeste da Baia Hudson, na província de Quebec, no Canada. O ambiente rochoso se estende por 8 quilômetros e tem uma mistura de cores escuras de verde, com traços de rosa e preto.
Vestígios como esse remontam ao período Hadeano, um dos menos conhecidos da história da Terra. O nome desta era é uma referência ao deus grego Hades, guardião do inferno, porque o planeta passava por temperaturas extremas e era uma bola de magma em constante transformação.
Poucas amostras desse momento sobreviveram até os dias atuais e os pesquisadores acreditam que as rochas de Nuvvuagittuq podem estar nesse seleto grupo.
Estimativas anteriores resultaram em uma idade de 4,3 bilhões de anos para o cinturão. Mas, outros pesquisadores argumentaram que esses dados poderiam refletir processos de misturas geológicas posteriores e não a verdadeira data de formação.
Porém, se esses números estiverem certos, Nuvvuagittuq pode ser a mais antiga sequencia de rochas preservada em todo o planeta. Elas seriam uma fonte de informações inéditas para os cientistas sobre como era a Terra primitiva.
Nova datação revela o passado
Em busca de uma nova estimativa, uma equipe de pesquisadores canadenses e franceses foi até o local na costa de Quebec. Os resultados estão em um estudo publicado na revista Science.
“Essas rochas e o cinturão de Nuvvuagittuq, sendo o único registro rochoso do Hadeano, oferecem uma janela única para os primórdios do nosso planeta e para melhor entendermos como a primeira crosta se formou na Terra e quais foram os processos geodinâmicos envolvidos”, disse Jonathan O’Neil, professor de geologia da Universidade de Ottawa, em entrevista à Reuters.
A equipe fez medições isotópicas em intrusões da região — formações de quando o manto penetra e se solidifica da crosta terrestre. Segundo os autores, essas estruturas tem rochas basálticas (formadas de magma resfriado) mais antigas, característica que permitiu ao grupo usar a datação por urânio-chumbo em conjunto com a de neodímio.
Essas técnicas resultaram em idades consistentes em torno de 4,16 bilhões de anos, o que apoia a hipótese de que Nuvvuagittuq teria se formado no Hadeano. O’Neil explicou que a diferença entre os resultados pode ter ocorrido porque a datação de sua equipe foi mais sensível a eventos térmicos que ocorreram desde que a rocha se formou.

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Rochas podem demonstrar a juventude turbulenta da Terra
Os pesquisadores relataram que essas rochas podem ter se formado quando as primeiras chuvas caíram sobre o magma, o resfriando e solidificando. Estudar os vestígios do cinturão pode revelar informações preciosas sobre os primeiros oceanos da Terra.
“Como algumas dessas rochas também foram formadas pela precipitação da antiga água do mar, elas podem lançar luz sobre a composição e as temperaturas dos primeiros oceanos e ajudar a estabelecer o ambiente onde a vida pode ter começado na Terra”, disse o pesquisador.
O Hadeano foi marcado por eventos importantes, como a grande colisão que formou a Lua. Segundo O’Neil, nesse intervalo de tempo surgiram também uma crosta rochosa, uma atmosfera primitiva e até mares quentes, não sendo apenas um momento de magma e caos.
Aos poucos, a comunidade científica desvenda esse enigmático capítulo inicial da Terra — crucial para compreender como o planeta se formou e chegou à configuração atual.
“Rochas são livros para geólogos e, neste momento, falta-nos o livro (sobre o Hadeano). O Cinturão de Rochas Verdes de Nuvvuagittuq ocuparia pelo menos uma página desse livro, por isso é tão importante”, concluiu o pesquisador em depoimento à CNN.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/30/ciencia-e-espaco/cientistas-descobrem-as-rochas-mais-antigas-do-mundo/