![Cientistas desvendam segredos de caixões egípcios milenares](https://gazetadoleste.com/wp-content/uploads/2025/02/Cientistas-desvendam-segredos-de-caixoes-egipcios-milenares.webp-1024x859.webp)
Há cerca de 2,7 mil anos, no Egito Antigo, um homem chamado Pakepu ostentava o título de “derramador de água a oeste de Tebas”, sendo responsável pela administração do culto funerário na lendária cidade. Após sua morte, Pakepu foi sepultado em um conjunto de caixões de madeira, selados com uma seleção de pastas rosa e branca que, pela primeira vez, estão sendo analisadas.
Atualmente, os restos de Pakepu encontram-se no Fitzwilliam Museum, da Universidade de Cambridge (Inglaterra). Seu “recipiente eterno” é composto por dois caixões – um dentro do outro –, denominados, respectivamente, caixão interno e intermediário. Segundo o museu, as atribuições do “derramador de água” incluíam a realização de rituais funerários e a manutenção dos túmulos.
Segredos da forma como os caixões egípcios eram selados
- Em novo estudo, publicado no Journal of Archaeological Science: Reports e que examinou os caixões de Pakepu, uma equipe de pesquisadores constatou que as pastas utilizadas apresentavam variações em sua composição e qualidade, sendo provavelmente produzidas por diversos artesãos, oriundos de oficinas distintas;
- Especificamente, identificou-se que as “pastas rosa” foram empregadas para preencher lacunas nas estruturas de madeira, enquanto as “pastas brancas” serviram para criar camada preparatória destinada à pintura dos caixões;
- Outra variedade de pasta branca foi encontrada exclusivamente no caixão interno e utilizada na confecção de uma substância semelhante ao cartonnage – material multi-camadas formado por folhas de linho ou papiro unidas com gesso, moldado à semelhança do papier-mâché, empregado na fabricação de máscaras funerárias e caixas de múmias;
- Diversos estudos anteriores já haviam analisado a composição das pastas e argamassas usadas na construção do Egito Antigo;
- Algumas dessas substâncias se mostraram ser gesso autêntico – composto por cal aquecida e gipsita –, enquanto outras foram produzidas a partir de barro, carbonato de cálcio ou preparações similares.
No entanto, os autores do estudo destacam que, até o momento, pouca atenção havia sido dedicada às pastas aplicadas em caixões e outros artefatos, o que gerava lacunas no conhecimento sobre a produção desses selantes. Ao examinar as diversas substâncias semelhantes a gesso presentes nos caixões de Pakepu, os pesquisadores constataram que todas continham calcita como componente principal.
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Para produzir as pastas brancas, o calcário era moído até se transformar em pó fino e misturado com aglutinante orgânico. Contudo, somente a calcita de maior pureza foi utilizada na fabricação do material similar ao cartonnage presente no caixão interno, enquanto uma calcita de qualidade inferior, com mais impurezas, foi escolhida para a pasta branca do caixão intermediário.
“Parece que houve maior cuidado na seleção e no processamento do material geológico empregado no pseudo-cartonnage do caixão interno, a estrutura mais próxima do corpo do falecido, em comparação com o caixão intermediário”, afirmam os autores do estudo.
“As diferenças na qualidade das pastas reveladas por esta pesquisa contribuem para o entendimento das funções de cada caixão, sugerindo que o caixão interno servia – assim como as antigas caixas de múmias em cartonnage – como a camada mais externa da própria múmia”, acrescentam.
Quanto às pastas rosa, os pesquisadores descobriram que sua tonalidade se deve ao maior teor de ferro presente, além de constatar que a calcita utilizada era, novamente, mais pura no caixão interno do que no intermediário.
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“Como essa pasta foi empregada predominantemente para preencher lacunas e não era visível na superfície, a aparência e a textura podem ter tido menor importância, enquanto a presença de grãos minerais maiores pode ter ajudado a evitar a contração durante a secagem, contribuindo para a estabilidade estrutural”, explicam.
De maneira geral, a notável variação na composição e qualidade das substâncias sugere que, embora existisse tradição consolidada no uso de pastas à base de calcita no Egito Antigo, os trabalhadores possuíam receitas distintas para a produção desses gessos.
Além disso, a descoberta de tantas pastas diferenciadas nos caixões de Pakepu indica que seu túmulo foi, provavelmente, confeccionado por vários técnicos, cada qual seguindo seus próprios métodos.
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