
Pesquisadores descobriram a colônia de seres vivos mais profunda já registrada. A bordo de um submersível chinês, eles identificaram milhares de vermes e moluscos a quase dez quilômetros de profundidade na Fossa das Marianas. O local fica no oceano Pacífico, a leste das ilhas Marianas (daí o nome).
Essas formas de vida sobrevivem em completa escuridão por meio da quimiossíntese. Na fotossíntese, luz solar é a fonte de energia. Na quimiossíntese, são substâncias químicas.
No caso dos bichos que vivem na Fossa das Marianas, uma das substâncias usadas como “combustível” é o metano. Lá, ele escapa por fissuras no leito marinho ou é produzido por microrganismos.
A pesquisa foi publicada na revista Nature na quarta-feira (30).
Pesquisadores mergulharam na Fossa das Marianas 23 vezes a bordo de submersível
O submersível chinês “Fendouzhe” realizou 23 mergulhos na Fossa das Marianas, com uma equipe de cientistas a bordo, ao longo de 2024.
Curiosidade: a principal diferença entre submarino e submersível envolve autonomia e capacidade de operação independente.
- Submarinos são embarcações autossustentáveis, capazes de operar por longos períodos de tempo sob a água;
- Submersíveis dependem de um navio de apoio para lançamento, operação e retorno à superfície.
Durante as expedições, foram encontradas colônias densas de vermes tubícolas marinhos e moluscos bivalves em profundidades entre 2.500 e 9.533 metros. Essas criaturas vivem num dos pontos mais inacessíveis do planeta.
Para você ter ideia, a Fossa das Marianas é mais profunda do que o Monte Everest é alto. O local é uma depressão em forma de crescente na crosta terrestre.
Vermes, moluscos, mariscos
Um vídeo divulgado com o estudo mostrou vermes tubícolas com até 30 centímetros de comprimento, além de grandes aglomerações de moluscos e mariscos.
Outros invertebrados – crustáceos espinhosos, vermes livres, pepinos-do-mar, lírios-do-mar com braços plumosos – também foram registrados. Assista abaixo:
A pesquisa sugere que comunidades semelhantes podem existir em outras fossas oceânicas, devido a características geológicas parecidas.
Embora estudos anteriores já tenham identificado microrganismos unicelulares em profundidades extremas, poucas espécies maiores haviam sido observadas.
No entanto, uma pesquisa relatou, em 2024, que vermes tubícolas e outros invertebrados foram encontrados em fontes hidrotermais a dois quilômetros abaixo do leito marinho. Isso indica que essas formas de vida podem ser mais comuns do que se acreditava.
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Mineração em alto-mar
A publicação do estudo na Nature ocorreu enquanto países debatem sobre mineração em alto-mar. China e Estados Unidos, por exemplo, demonstraram interesse em explorar as profundezas em busca de minerais valiosos.

No entanto, especialistas alertam que minerar o fundo do mar pode devastar ecossistemas frágeis que ainda não são bem compreendidos.
Apesar do risco iminente, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, que regula a mineração em águas internacionais, ainda não adotou regras para o setor.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/31/ciencia-e-espaco/cientistas-espiam-como-e-a-vida-no-lugar-mais-profundo-da-terra/