3 de setembro de 2025
Cientistas recriam passo essencial da origem da vida em laboratório
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Pesquisadores da University College London (UCL) conseguiram reproduzir em laboratório um processo químico considerado essencial para o surgimento da vida na Terra. O experimento conseguiu unir RNA e aminoácidos em condições semelhantes às do planeta há cerca de 4 bilhões de anos, um passo fundamental para entender como moléculas simples evoluíram para organismos vivos.

O estudo, publicado na revista Nature, abre novas possibilidades para compreender a relação entre ácidos nucleicos e proteínas, dois componentes básicos da biologia. Embora a ciência já saiba que a vida emergiu da chamada “sopa primordial”, os mecanismos exatos desse processo ainda são objeto de debate e pesquisa.

Experimento conseguiu unir RNA e aminoácidos em condições semelhantes às da origem da vida na Terra (Imagem: SergeiShimanovich / Shutterstock.com)

RNA, proteínas e a base da vida

Hoje, a síntese de proteínas depende de uma complexa máquina molecular: o ribossomo. Ele utiliza instruções químicas do RNA mensageiro para organizar aminoácidos e formar proteínas, moléculas fundamentais para as funções biológicas.

Segundo o químico Matthew Powner, da UCL, o avanço obtido é significativo:
“Conseguimos a primeira parte desse processo complexo usando uma química muito simples, em água e pH neutro, para ligar aminoácidos ao RNA. Essa reação é espontânea, seletiva e pode ter ocorrido na Terra primitiva”, afirmou.

Hipóteses sobre a origem da vida

Entre as teorias mais aceitas está a chamada hipótese do mundo de RNA, que sugere que o RNA poderia tanto se autorreplicar quanto catalisar reações químicas. Já os tioésteres, compostos altamente reativos formados por carbono, oxigênio, hidrogênio e enxofre, estão no centro de outra hipótese: a do mundo de tioésteres, que aponta para essas moléculas como fonte de energia primordial.

Compostos altamente reativos formados por carbono, oxigênio, hidrogênio e enxofre, estão no centro de outra hipótese (Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock)

No novo experimento, a equipe liderada por Jyoti Singh utilizou tioésteres como mediadores, permitindo que aminoácidos se ligassem ao RNA. O resultado unifica, de certa forma, as duas hipóteses ao mostrar como esses elementos poderiam ter interagido no ambiente da Terra primitiva.

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Um passo mais próximo da resposta

Embora ainda falte muito para se chegar a uma explicação completa sobre a origem da vida, os cientistas consideram o resultado um marco importante.

“Nosso estudo une duas teorias proeminentes sobre a origem da vida — o mundo de RNA e o mundo de tioésteres”, destacou Powner. Já Singh ressaltou a relevância do feito:
“Demonstramos como dois blocos químicos primordiais — aminoácidos ativados e RNA — poderiam ter formado peptídeos, cadeias curtas de aminoácidos que são essenciais para a vida.”

A próxima etapa será investigar se o RNA consegue se ligar de forma seletiva a determinados aminoácidos, um caminho que pode esclarecer como surgiu o código genético que sustenta todos os organismos atuais.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/03/ciencia-e-espaco/cientistas-recriam-passo-essencial-da-origem-da-vida-em-laboratorio/