Há quatro anos, conforme noticiado pelo Olhar Digital, cientistas descobriram uma nova classe de objetos astronômicos, batizados de Odd Radio Circles (ORCs). Agora, esse grupo ganhou um novo integrante: o ORC J0219-0505.
Menor e mais fraco que os anteriores, ele foi detectado por meio de uma extensiva observação de uma pequena região do céu, sugerindo que muitos outros podem estar aguardando descobertas em áreas ainda não estudadas com o mesmo detalhamento.
A descoberta dos ORCs foi possível graças aos avanços nos radiotelescópios, que vêm revelando objetos e fenômenos nunca antes observados. Quando os primeiros ORCs foram anunciados em 2020, os astrônomos suspeitaram inicialmente de falhas nos equipamentos, tamanha era a novidade. Essas estruturas, grandes e quase perfeitamente circulares, emitem sinais de rádio que desafiam explicações convencionais.
O que mais intriga os cientistas é o tamanho colossal dos ORCs. As cinco primeiras descobertas têm diâmetros entre um e 1,5 milhão de anos-luz, o que faz delas alguns dos maiores objetos conhecidos no Universo. O mais recente, ORC J0219-0505, é relativamente pequeno, com cerca de 370 mil anos-luz de diâmetro, mas ainda assim é mais que o dobro do tamanho da galáxia central que abriga, semelhante à Via Láctea.
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Origem dos círculos estranhos de rádio ainda é incerta
Os ORCs são esferas que envolvem galáxias centrais, formadas por algum tipo de evento catastrófico ocorrido há aproximadamente um bilhão de anos. Hipóteses para suas origens incluem a fusão de buracos negros supermassivos, colisões entre galáxias ou a ação combinada de várias supernovas liberando enormes quantidades de gás. Esses processos poderiam criar ondas de choque que aceleram elétrons, produzindo as emissões de rádio observadas.
Embora anteriormente o professor Ray Norris, da Organização de Ciência e Pesquisa Industrial da Commonwealth (CSIRO), na Austrália, defendesse a teoria de fusão de buracos negros, ele admitiu ao site IFLScience que novos dados complicam essa explicação.
O deslocamento entre o centro da esfera do ORC J0219-0505 e o buraco negro supermassivo desafia essa hipótese. Agora, Norris acredita que colisões de nuvens de gás durante fusões galácticas são uma possibilidade mais plausível. Essas colisões poderiam gerar ondas de choque capazes de acelerar elétrons para além da galáxia em fusão.
O ORC J0219-0505 foi encontrado durante uma pesquisa de 564 horas com o radiotelescópio MeerKAT, que analisou uma região de 20 graus quadrados no céu. A identificação de um objeto tão fraco e pequeno sugere que muitos outros ORCs semelhantes podem estar escondidos em áreas ainda não exploradas com a mesma profundidade.
A inclusão de um ORC significativamente menor e mais fraco amplia a compreensão sobre esses objetos. Cientistas especulam que, com técnicas mais detalhadas, muitos outros membros dessa categoria podem ser encontrados, possivelmente revelando novos subgrupos e características.
O estudo sobre o ORC J0219-0505 foi aceito para publicação pela Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e está disponível como pré-impressão no repositório online arXiv.org. Essa descoberta reforça a importância de investigações minuciosas do céu, que prometem trazer à luz os mistérios do Universo.
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