
Na lista de grandes clássicos do automobilismo nacional, a Brasilia ocupa um lugar especial no meu coração. Não somente porque foi o carro do meu pai durante toda minha infância, mas porque ela representou a força da nossa indústria.
O veículo nasceu em junho de 1973 pelas mãos de projetistas brasileiros, com destaque para o designer Marcio Lima Piancastelli. A Volkswagen ainda ocupava a liderança de mercado com o seu Fusca, mas sabia que o tradicional modelo já estava ficando ultrapassado.
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O comando da montadora deu liberdade aos seus funcionários para criarem algo novo e foi nesse contexto que surgiu a Brasilia (que não tem acento mesmo, diferentemente da nossa capital federal).
A aposta foi acertada. O carro competiu com outros gigantes, como o Chevrolet Chevette e o Dodge 1800, e, mesmo assim, foi um campeão de vendas. Para você ter uma ideia, só em 1975, foram comercializadas 126 mil unidades no país. O sucesso foi tão grande que a Brasilia acabou sendo exportada para Portugal, Colômbia, Chile, Filipinas, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Uruguai e Nigéria.
Ao todo, foram vendidas mais de 1 milhão de Brasilias nos quase 10 anos de produção do veículo. Ele saiu de linha em 1982, quando a Volks decidiu investir seus esforços em outro gigante brasileiro: o Gol.
Algumas curiosidades sobre o modelo
- O nome escolhido enfatizava as origens nacionais do projeto e agradava o então governo militar, que vivia patrocinando campanhas ufanistas.
- O carro tem a aparência de uma pequena perua, tanto que a imprensa chamava os primeiros protótipos de “mini-Variant”.
- Apesar de ter a mesma distância entre-eixos do Fusca (2,40 m), a Brasilia tinha um espaço interno muito maior, uma cortesia da carroceria que abusa das linhas retas.
- O motor original era um 1.3, mas logo foi trocado pelo 1.6 e, assim como no Fusca, ficava na traseira e gerava 60 cavalos, uma marca até considerável na época.
- Isso entregava uma velocidade máxima de cerca de 130 km/h, além de um 0-100 km/h em 25 segundos.
- A Brasilia ajudou a consolidar a visão do público de que a Volkswagen faz carros fortes.
- O modelo tinha uma impressionante robustez mecânica, quebrava pouco e você ainda vê algumas unidades circulando por cidades do interior do país.
- Uma curiosidade é que a Volks lançou também uma versão de quatro portas, mas ela vendeu pouquíssimo.
- Isso por causa do gosto do consumidor brasileiro da época, que tinha preferência apenas por carros de duas portas.

- A Brasilia, por fim, também virou objeto de uma das músicas mais famosas dos anos 90: “Pelados em Santos”, do grupo Mamonas Assassinas.
- Você provavelmente já deve ter cantado em algum karaokê os versos que falam na “Brasilia amarela com rodas gaúchas”.
- A Brasilia aparece até mesmo no seriado mexicano Chaves!
- Pois é: ela é o carro do seu Barriga.
- Isso aconteceu porque o veículo fazia muito sucesso à época das gravações no México: entre 1974 e 1982, foram fabricadas mais de 72 mil Brasilias no nosso distante vizinho latino.
Quanto custaria uma Brasilia hoje?
Algumas pesquisas na internet apontam que o modelo custava quase Cr$ 20.741,00 em junho de 1973. A projeção desse valor para os dias atuais não é simples, uma vez que estamos falando de moedas diferentes: o cruzeiro e o real.
A Calculadora do Cidadão, do Banco Central, porém, resolve esse problema. Vale destacar que a ferramenta não consegue corrigir esse valor pelo IPCA, a inflação oficial do país, pois o índice surgiu apenas em 1979.
O cálculo, então, foi feito tendo como base o IGP-DI/FGV. E, nesse caso, os Cr$ 20.741,00 se equiparam hoje a impressionantes R$ 127.883,12!

É o que sempre falamos aqui: carro nunca foi algo barato no Brasil. E a clássica Brasilia ajuda a reforçar essa tese.
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