24 de fevereiro de 2025
Como funcionam os raios gama que estão sempre presentes nos
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Prepare-se para entender os raios gama, a radiação responsável por transformar personagens em monstros nos filmes da Marvel, e descubra como essa forma de energia atua no mundo real.

Capitão América: Admirável Mundo Novo” esterou nesta quinta-feira (13) no Brasil, trazendo expansão muito aguardada no universo dos Hulks: o Red Hulk. Assim como os demais Hulks retratados em diversas mídias, é provável que as origens do Red Hulk, nesta nova fase do Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês), estejam ligadas aos raios gama, forma de radiação de alta energia.

Raios gama: origens

  • Os raios gama surgem de várias fontes, tanto no universo Marvel quanto na ciência real;
  • No mundo não ficcional, as principais origens cósmicas dessa radiação incluem supernovas, estrelas de nêutrons e explosões de raios gama – eventos incrivelmente poderosos, considerados as explosões mais intensas desde o Big Bang, cuja causa ainda permanece envolta em mistério;
  • No trailer de “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, fãs atentos já captaram alguns detalhes sobre o Red Hulk;
  • O personagem é a manifestação raivosa de Thaddeus “Thunderbolt” Ross, que já apareceu em diversos filmes da Marvel;
  • Ross, que apresenta aparência diferente da vista em “Capitão América: Guerra Civil” – mesmo antes de sua transformação –, agora, é interpretado por Harrison Ford, após o falecimento de William Hurt em 2022;
  • Além disso, o trailer deixa claro que o Red Hulk estará em confronto com o Capitão América e Sam Wilson, vivido por Anthony Mackie.
Red Hulk no novo longa da Marvel (Imagem: Divulgação/Marvel Studios)

Pouco se sabe sobre como Ross se transformou nesse monstro de fúria avermelhada ou sobre sua surpreendente trajetória de general cinco estrelas a Presidente dos Estados Unidos. Mas uma coisa é certa: assim como acontece com todos os Hulks (há mais deles do que você imagina), a origem dessa transformação envolve os raios gama.

Fãs dos quadrinhos já haviam notado pistas que conectam a origem do Red Hulk à radiação gama. No trailer, há breve aparição de Samuell Sterns, interpretado por Tim Blake Nelson – personagem que, nos quadrinhos, é mais conhecido como “O Líder”.

Recorda-se que Sterns foi exposto a sangue irradiado por raios gama em “O Incrível Hulk”, em 2008, nos primórdios do MCU. Agora, parece que ele seguiu os passos de sua versão dos quadrinhos, ganhando imenso “up” cerebral graças à radiação e se tornando um criminoso maquiavélico.

Nos quadrinhos, desde sua primeira aparição em “Tales to Astonish #62” (1964), o Líder sempre esteve associado à desgraça de Bruce Banner e à criação de monstros gerados pela radiação gama.

Embora os raios gama tenham se enraizado na tradição dos quadrinhos, filmes, desenhos animados e videogames da Marvel, vale lembrar que, quando Stan Lee e Jack Kirby criaram o Hulk em “O Incrível Hulk #1”, em 1962, eles não inventaram os raios gama.

Assim como fizeram com os raios cósmicos para explicar a origem do Quarteto Fantástico, os criadores usaram o termo “raios gama” inspirado na ciência real – mesmo que a representação dos mesmos na Marvel possa diferir radicalmente da realidade, explana o Space.

Mas afinal, qual a chance de estarmos expostos a raios gama? Felizmente, a maioria de nós não vai brincar com bombas gama, como Bruce Banner, ou manipular amostras de sangue irradiado, como Samuel Sterns.

A Terra é naturalmente radioativa e todos estamos constantemente expostos à pequena quantidade de radiação de fundo. Além disso, os raios gama têm aplicações na medicina, como na radioterapia para o tratamento do câncer, e são empregados em equipamentos de precisão, como as “facas gama” utilizadas em cirurgias radiocirúrgicas. Pequenas doses também podem vir de armas nucleares ou, mesmo, de descargas elétricas atmosféricas.

No entanto, o Espaço é fonte intensa dessa radiação. Raios gama são produzidos em eventos cósmicos extremamente poderosos, como as explosões de supernovas, a morte de estrelas massivas e os fenômenos ocorridos em torno de buracos negros supermassivos e pulsares – estrelas de nêutrons que giram rapidamente.

Embora a atmosfera terrestre nos proteja da maior parte dessa radiação proveniente do Espaço, ela não seria capaz de nos salvar de uma explosão de raios gama.

Esses eventos, apesar de durarem apenas alguns milissegundos ou minutos, podem ser centenas de vezes mais intensos que uma supernova comum, emitindo mais energia do que o Sol liberaria em trilhões de anos. Se uma explosão dessas ocorresse próxima à Terra, com seu feixe direcionado para nosso planeta, os efeitos poderiam ser catastróficos.

E pensar que o Hulk, em seus momentos mais destrutivos, já parecia ser o rei do caos! Parece que as explosões de raios gama conseguem ofuscar até mesmo os monstros irradiados – não importando se eles são vermelhos, verdes, azuis ou de qualquer outra cor.

Raios gama no Espaço
Exemplo de raios gama no Espaço (Imagem: NASA/Swift/Cruz deWilde)

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Relação entre cores e raios gama

O universo dos quadrinhos Marvel também nos mostra que os Hulks não se limitam ao clássico verde. Embora Bruce Banner seja conhecido pelo Hulk verde, em sua primeira aparição ele foi retratado com tonalidade cinza, retomando esse visual em fase aclamada dos anos 1980, escrita por Peter David.

Já a She-Hulk, Jennifer Walters, que estreou em “The Savage She-Hulk #1” (1979), se manteve na maior parte do tempo com a cor verde, embora também tenha passado por momentos em que apareceu em cinza.

A maior quebra com o padrão ocorreu em 2008, quando o roteirista Jeph Loeb introduziu o Red Hulk (ou “Rulk”) no cânone dos quadrinhos. Desde então, o universo Marvel viu também um Hulk laranja (alimentado por energia solar) em 2011, um Hulk roxo em 2012 – personagem este que, curiosamente, também tem ligação com o icônico Duende Verde – e até Rick Jones, amigo de longa data de Banner, transformado em monstro azul irradiado.

Mas como toda essa diversidade de cores se relaciona com a radiação gama? Os raios gama são uma forma de radiação eletromagnética, assim como a luz visível que nossos olhos conseguem captar. Toda radiação eletromagnética possui comprimento de onda e frequência. Nossa visão abrange apenas uma faixa estreita desse espectro – entre 390 e 700 nanômetros.

De um lado, temos radiações com comprimentos de onda longos e baixa frequência, como as ondas de rádio e a radiação infravermelha; do outro, radiações de alta frequência e comprimentos de onda extremamente curtos, como a luz ultravioleta, os raios X e, finalmente, os raios gama, que possuem comprimentos de onda bilhões de vezes menores que os da luz visível.

Por serem invisíveis aos nossos olhos, os raios gama não têm cor – logo, eles definitivamente não são verdes, como às vezes retratado nos quadrinhos. Mas será que eles poderiam transformar alguém num monstro raivoso, musculoso e de tom avermelhado?

Na prática, a exposição a raios gama tem sido verdadeiro pesadelo para Bruce Banner. Em um instante, ele está tentando abrir um pote de manteiga de amendoim; no seguinte, descobre que destruiu suas calças roxas favoritas – sem mencionar os danos causados à Costa Leste dos EUA. Além disso, ele tem que lidar com criaturas irradiadas, como o Líder e a Abominação, e ainda vê seu sogro se transformando em versão vermelha impressionante de si mesmo!

No mundo real, embora não enfrentemos as desventuras de Banner, a exposição excessiva a raios gama também é extremamente perigosa. Isso se deve ao fato de que o comprimento de onda e a frequência de uma radiação estão diretamente ligados à sua energia: quanto menor o comprimento de onda, maior a frequência e, consequentemente, maior a energia. Esse aspecto é crucial para um processo chamado ionização.

Os átomos são constituídos por um núcleo – formado por prótons (com carga positiva) e nêutrons (sem carga) – e por elétrons (com carga negativa) que orbitam ao redor. Normalmente, a carga dos elétrons equilibra a dos prótons, tornando o átomo neutro.

Contudo, se os elétrons forem arrancados do átomo, este se torna um íon, alterando suas propriedades químicas e podendo desencadear reações inesperadas ou o mau funcionamento das células do nosso organismo.

Para que um elétron seja liberado, ele precisa absorver um fóton com quantidade específica de energia, denominada “energia de ionização”. Os elétrons localizados nas camadas mais externas dos átomos são os mais fáceis de serem removidos, pois necessitam de menos energia.

Importante ressaltar que a ionização não ocorre gradualmente – não basta absorver vários fótons de baixa energia; é necessário que um único fóton possua exatamente a energia necessária para arrancar o elétron. Por esse motivo, fótons de alta energia, como os dos raios gama, são classificados como “radiação ionizante”.

Red Hulk dos quadrinhos
Red Hulk versão dos quadrinhos (Imagem: Marvel Comics)

Esse mecanismo explica o perigo dos raios gama: ao alterar o número de elétrons na camada externa de um átomo, eles podem modificar as interações químicas essenciais, resultando em danos celulares. Devido à sua alta energia, os raios gama conseguem penetrar materiais densos – como uma folha de chumboe atravessar o corpo humano, afetando órgãos e tecidos internos.

Exposições contínuas a baixas doses podem aumentar o risco de câncer, enquanto doses elevadas podem causar sintomas, como náuseas, vômitos, diarreia, queda de cabelo e, em casos extremos, levar à morte.

O post Como funcionam os raios gama que estão sempre presentes nos filmes da Marvel? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/13/ciencia-e-espaco/como-funcionam-os-raios-gama-que-estao-sempre-presentes-nos-filmes-da-marvel/