O álcool está presente em quase todos os eventos sociais de nossas vidas: na missa, na festa de família, no pagode ou no encontro com os amigos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a terceira posição entre os países da América Latina em consumo de álcool per capita, com uma média de 8,9 litros por pessoa ao ano.
Esse hábito cultural muitas vezes mascara os perigos associados ao consumo excessivo e frequente, tornando ainda mais importante discutir os impactos do álcool na saúde e no comportamento. Mas como o álcool afeta nosso cérebro? E como minimizar os efeitos?
Como o álcool afeta o nosso cérebro?
Dentre as drogas lícitas, o álcool é talvez a mais presente e socialmente aceita do mundo. O consumo de álcool faz parte de diversas tradições culturais ao redor do mundo, e os impactos dessa substância no cérebro e no corpo são amplamente estudados e, muitas vezes, subestimados.
Desde os efeitos imediatos da embriaguez até os danos acumulativos a longo prazo, o álcool apresenta riscos significativos à saúde.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central, o que significa que ele diminui a atividade cerebral, afetando várias funções cognitivas e motoras. Ao ser ingerido, ele interfere na comunicação entre os neurônios, reduzindo a eficiência das sinapses. Isso resulta em alterações perceptíveis como dificuldade para falar, andar e pensar com clareza.
Além disso, há efeitos mais sutis, como a redução da capacidade de memória e raciocínio, que se agravam com o tempo e com o aumento da frequência de consumo.
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Uma das maiores preocupações associadas ao álcool é seu impacto nos neurotransmissores, como a dopamina. Essa substância química, ligada à sensação de prazer, é estimulada pelo álcool, criando uma sensação inicial de euforia.
Contudo, à medida que o efeito passa, ocorre um desequilíbrio que pode levar ao desejo de consumir mais álcool para recuperar a sensação de bem-estar. Esse ciclo é o que torna o álcool tão viciante. Em casos de dependência, o cérebro pode sofrer alterações permanentes, como a diminuição da capacidade de produzir dopamina naturalmente, prejudicando a saúde mental.
Além dos neurotransmissores, o consumo excessivo e crônico de álcool pode levar à perda de tecido cerebral. Estudos demonstram que o abuso de álcool está associado à redução do volume do hipocampo, uma região crucial para a memória.
Embora seja incorreto afirmar que o álcool “mata” neurônios, ele danifica gravemente as conexões entre eles, dificultando a regeneração dessas estruturas e comprometendo funções cognitivas.
Existe dose segura de álcool?
Por décadas, acreditou-se que o consumo moderado de álcool poderia até trazer benefícios, especialmente no caso de bebidas como o vinho tinto, associado à saúde cardiovascular. No entanto, pesquisas recentes estão desafiando essa noção.
Novos estudos apontam que mesmo doses consideradas baixas podem ter impactos prejudiciais no organismo, incluindo aumento no risco de doenças crônicas como hipertensão, câncer e comprometimento neurológico.
Um estudo publicado na The Lancet em 2018 disponível aqui revelou que não existe um nível de consumo de álcool que possa ser considerado totalmente seguro. A análise, baseada em dados de milhões de pessoas em diferentes países, mostrou que mesmo o consumo moderado está associado a um risco maior de problemas de saúde.
Esses riscos incluem danos ao fígado, doenças cardiovasculares e impactos no cérebro, como redução na função cognitiva e na capacidade de tomada de decisão.
Outro ponto importante é que o álcool afeta de maneira desproporcional algumas populações, como mulheres e jovens. No caso das mulheres, há uma metabolização mais lenta do álcool, o que intensifica os efeitos negativos mesmo com doses menores. Já os jovens, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento, são particularmente vulneráveis aos danos cognitivos e comportamentais.
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