Um dos grupos mais afetados pela emergência das superbactérias tem sido os bebês do continente africano. Na Nigéria, por exemplo, um em cada 29 bebês morre nas primeiras semanas após seu nascimento, segundo o The Bureau of Investigative Journalism. Uma das principais causas para os óbitos é sepse, quando a resposta do corpo para uma infecção prejudica órgãos vitais.
Um estudo da Universidade de Cardiff e de Oxford, do Reino Unido, encontrou evidências em mães e bebês com menos de uma semana de vida de bactérias resistentes a colistina, um dos antibióticos mais potentes e usado como último recurso.
O estudo foi publicado em março deste ano pela revista Nature Communication. Um agravante do caso é que os autores executaram os testes em 2016, quando o uso de colistina para fins clínicos era limitado na Nigéria. Os pesquisadores acreditam que a resistência ao antibiótico pode ter vindo de sua aplicação na agricultura.
As crianças são amplamente afetadas pela emergência de superbactérias. Um estudo publicado no The Lancet estima que, em 2018, uma em cada cinco mortes por resistência de micróbios era de crianças abaixo de cinco anos.
Como o excesso de antibiótico tem contribuído para surgimento de superbactérias?
A descoberta da penicilina por Alexander Fleming em 1928 deu início a uma nova era da medicina e tornou doenças fatais, como meningite, em patologias tratáveis com certa facilidade. Ao aceitar um prêmio Nobel por sua descoberta, o cientista alertou que essas drogas deveriam ser usadas de forma cuidadosa para que seus alvos não adquirissem resistência.
No último quarto de século, houve um aumento de quase 50% de antibióticos aplicados em pessoas ao redor do mundo. Médicos os prescrevem como primeira defesa de medicamentos à doença. O excesso de uso desses remédios somado com falta de água limpa e condições sanitárias tem levado a um aumento na resistência ao antibiótico e contribuído para surgimento de superbactérias.
A reportagem do The Bureau of Investigative Journalism mostra que, muitas vezes, médicos em países africanos não dispõem dos instrumentos necessários para realizar testes clínicos. Então, precisam prescrever antibióticos às cegas na esperança de que o paciente possa se curar.
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Nos hospitais, a grande concentração de pessoas doentes somada à presença de antibióticos acarreta a sobrevivência e disseminação das bactérias. Infecções antes simples de serem tratadas agora apresentam menos resposta a antibióticos.
Em 2019, infecções provocadas por superbactérias foram associadas a quase 5 milhões de mortes ao redor do mundo. 20% delas ocorreram na África Sub-saariana. A região sofre com a pouca quantidade de
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