24 de junho de 2025
O segredo dos polvos acaba de ser revelado
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A natureza é linda, mas pode soar grotesca para nós humanos. Uma das práticas mais intrigantes que acontecem com algumas espécies no mundo animal é o canibalismo sexual. A prática costuma ter objetivos nobres, como ser uma tática garantidora da evolução da espécie.

No reino animal, a alimentação via canibalismo sexual é adotada por insetos, répteis, aracnídeos e cefalópodes, como os polvos, por exemplo. Embora haja exceções, geralmente os machos são as vítimas por serem menores fisicamente em algumas espécies. 

“De fato, as diferenças de tamanho entre fêmeas e machos frequentemente determinam a frequência do canibalismo sexual, talvez porque o potencial para resistir a um ataque canibalístico seja dependente do tamanho”, afirma Jutta Schneider em seu artigo científico sobre o tema.

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Entre os motivos por trás do canibalismo sexual, os cientistas destacam 4 razões principais.  Uma delas é o forrageamento adaptativo, quando a fêmea obtém nutrientes especiais ao consumir o macho, o que pode beneficiar a qualidade e quantidade de filhotes. Já o transbordamento agressivo indica que, quanto mais hostil uma fêmea for em seu habitat, maior a probabilidade de canibalizar um macho.

Temos também a escolha do parceiro, quando fêmeas decidem sobre o melhor macho em características, rejeitando os que considera fracos e inadequados e o caso da identidade equivocada, quando a fêmea acaba por confundir o macho com uma presa por ter sinais semelhantes.

Veja a seguir 8 fêmeas que matam os machos após a cópula 

1 – Mosquito quironomídeo 

O mosquito fêmea da espécie quironomídeo é um dos insetos adeptos do canibalismo sexual. A prática se dá porque o macho é uma fonte muito rica em nutrientes, e a fêmea precisa desse aporte alimentar após o acasalamento.

No momento em que o macho está injetando o seu sêmen, a fêmea perfura a cabeça do parceiro causando a sua morte. Um detalhe curioso é que ela pode carregar os restos mortais do macho por vários dias.

Mosquito quironomídeo. Imagem: 13308761 / iStock

2 – Louva-a-deus

Embora o canibalismo sexual seja uma prática conhecida dos biólogos, para essa espécie não chega a ser uma regra. Caso a fêmea do louva-a-deus esteja de barriga cheia, dificilmente vai pensar no macho como uma refeição, mesmo ele sendo muito menor do que ela.

Mas, caso esteja passando por escassez de alimentos, durante a cópula a fêmea mata o parceiro por meio da decapitação para se alimentar, uma vez que o macho se trata de uma fonte alimentícia rica em proteínas. E detalhe, o macho pode continuar a cópula, mesmo sem cabeça, vindo a falecer somente depois do coito.

Louva-a-Deus pode ou não devorar seu parceiro após a cópula
Louva-a-Deus pode ou não devorar seu parceiro após a cópula. Imagem: Andriy Nekrasov / iStock

3 – Aranha viúva negra

A latrodectus mactans é uma velha conhecida do canibalismo sexual. Assim como outras espécies, fazer do macho seu banquete também não é uma regra. Varia das condições de alimentação e do quanto ela precisa de energia adicional para a produção dos ovos.

Quando as fêmeas dessa espécie de aracnídeo matam os machos, estão em busca de proteína. Além disso, existe outro motivo importante: ao matar o macho, a fêmea impede a competição por outros parceiros.  

Aranha viúva negra. (Imagem: Shutterstock)

4 – Aranha nephila pilipes

Outra adepta do canibalismo sexual é a aranha nephila philips, conhecida popularmente como tecedeira-de-seda-dourada, que pode ser encontrada em florestas e jardins volumosos. 

A fêmea dessa espécie é grande em relação ao macho e pode ter de 25 a 50 milímetros. Se alimentar do parceiro após o coito também é uma prática de sobrevivência alimentar.

Registro de uma aranha nephila philips em sua teia em Tamil Nadu, na Índia
Registro de uma aranha nephila philips em sua teia em Tamil Nadu, na Índia. Imagem: ePhotocorp / iStock

5 – Sucuri-verde

As sucuris-verdes são conhecidas por serem poliândricas, isto é, se acasalam com diferentes machos durante o período reprodutivo – que dura cerca de quatro semanas. Vários machos se agrupam com a fêmea formando o fenômeno conhecido como “bola de reprodução”.

Após as cópulas, a fêmea, que é mais forte e mais robusta do que os machos, escolhe um ou dois parceiros para fazer a refeição. Isto é feito para que ela tenha mais estoques de energia para gerar os ovos, e por conseguinte filhotes mais saudáveis. 

Sucuri-verde. (Imagem Shutterstock)

6 – Escorpiões

No caso dos escorpiões, o canibalismo sexual não se resume a uma prática de reprodução, mas é também uma questão de sobrevivência. As fêmeas podem gerar até 100 filhotes por período reprodutivo. 

E, ao contrário das cobras, elas são vivíparas, ou seja, os embriões não se desenvolvem fora do corpo da mãe, mas dentro. Isto gera um gasto de energia muito maior, tornando o canibalismo uma estratégia vital.

Imagem: Noppadol Buaroey/Shutterstock

7 – Nudibrânquios 

Os nudibrânquios são moluscos conhecidos como lesmas do mar. Hermafroditas, eles podem tanto produzir óvulos, como espermatozoides, mas não podem se autofecundar, precisando de um parceiro para isso.

A cópula acontece por meio do despejo de uma massa com espermatozoides numa fenda localizada na parte anterior no corpo de um dos nudibrânquios. Após a fecundação, milhares de ovos são liberados na água. No caso da espécie nudibrânquios com chifres, após o coito pode haver a canibalização de um animal pelo outro. 

Espécie de nudibrânquios com chifre. (Imagem: Inaturalist.org)

8 – Polvo

A fêmea da espécie polvo-de-anéis-azuis (Hapalochlaena maculosa) também utiliza o macho após a cópula como refeição. Após colocar os ovos, ela passa seis semanas sem se alimentar vigiando os filhotes, então esse estoque de energia precisa vir de uma fonte próxima. Mas essa espécie guarda uma reviravolta evolutiva interessante. 

Imagem: Muhammadphotoes/Shutterstock

Depois de muito morrerem nos tentáculos de suas parceiras, o macho do polvo-de-anéis-azuis desenvolveu uma estratégia para se reproduzir sem morrer. Durante a cópula, ele morde a artéria aorta da fêmea injetando a tetrodotoxina, uma espécie de veneno sedativo que deixa a fêmea imobilizada durante o coito. 

Segundo estudo publicado na revista Currenty Biology, o envenenamento dos machos é feito de maneira calculada, de modo que no dia seguinte as fêmeas já estão se alimentando normalmente – o que indica uma certa resistência à toxina injetada.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/06/24/ciencia-e-espaco/conheca-8-femeas-que-matam-os-machos-apos-a-copula/