20 de novembro de 2025
COP30: aquecimento no Brasil pode ser quase o dobro do
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Durante uma apresentação realizada na Zona Azul da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), no estande da Finlândia, na sexta-feira (14), o físico e climatologista Paulo Artaxo afirmou que o mundo está prestes a superar o limite de 1,5 ºC de aquecimento médio, estando no caminho para chegar a 2,8 °C.

Além disso, o Brasil, por estar em uma região tropical continental, corre o risco de sofrer impactos mais intensos, chegando a um aumento de 4 ºC a 4,5 ºC em relação ao período pré-industrial.

O limite de 1,5 °C foi determinado no Acordo de Paris, em 2015, e é tido pela comunidade científica como um número seguro para evitar que a crise climática piore. 

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A tendência é que haja ondas de calor cada vez mais frequentes
(Imagem: tete_escape/Shutterstock)

Como frear o possível aumento

Conforme destacado na Agência Fapesp, Artaxo afirmou que existe a necessidade de “adotar técnicas como a chamada carbon dioxide removal, ou seja, remover dióxido de carbono (CO2) que já foi emitido para a atmosfera nas últimas décadas. Há algumas potenciais maneiras de fazer isso, sendo uma delas a recuperação ecológica em larga escala, ou seja, recuperar áreas de florestas, replantando o que desmatamos.”

O físico e climatologista ainda completou dizendo que “o problema é que nenhuma técnica existente hoje efetivamente funciona na escala necessária e com um preço que possa ser pago. O alto custo chega a milhares de dólares por tonelada de CO2 removida. O que não quer dizer que a ciência daqui a 20, 30, 40 anos não desenvolva outras técnicas inovadoras. Por isso, a melhor solução é atacar o problema pela raiz, fazendo uma transição energética justa e rápida e acabando com a exploração de combustíveis fósseis.”

Ele ainda comentou que projetos de restauração ecológica são essenciais para a revitalização de serviços ecossistêmicos, como a manutenção do regime de chuvas. No entanto, a escala das iniciativas não é suficiente para a continuação da utilização de combustíveis fósseis.

A poluição do planeta é a principal responsável pelo aumento da temperatura
(Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

“Não vai ser possível plantar árvores suficientes na superfície da Terra para sequestrar CO₂ se continuarmos emitindo como hoje”, afirmou.

Conforme informações da Agência Fapesp, o Brasil vem trabalhando nos bastidores para tornar oficial um roadmap – mapa do caminho para a descarbonização dos setores da economia. A previsão é que ele seja concluído na sexta-feira (21). Diversos países da Europa e também em desenvolvimento já aderiram à proposta.

Impactos do aumento

Na declaração sobre o estado atual das negociações da COP, divulgada no Pavilhão de Ciências Planetárias, cientistas comentam sobre os impactos do aquecimento global.

Ilustração de planeta Terra esquentando por conta das mudanças climáticas
As mudanças climáticas estão deixando o planeta cada vez mais quente
(Imagem: 418studio/Shutterstock)

“Cada aumento de 0,1 °C no aquecimento global resulta em impactos e riscos substancialmente maiores, incluindo ondas de calor mais longas e mortais, incêndios florestais mais frequentes e intensos, tempestades e precipitações extremas, com danos desproporcionais a comunidades vulneráveis, economias frágeis e povos indígenas. Isso significa que a adaptação deve ser um foco importante na COP30”, escrevem os cientistas.

O post COP30: aquecimento no Brasil pode ser quase o dobro do global, alcançando 4,5°C apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/20/ciencia-e-espaco/cop30-aquecimento-no-brasil-pode-ser-quase-o-dobro-do-global-alcancando-45c/