
Planejada para ser um marco mundial em relação à sustentabilidade e mudanças climáticas, a COP30, que acontece em novembro em Belém, está se tornando uma dor de cabeça para o governo brasileiro.
Com o intuito de reunir milhares de pessoas na cidade, entre lideranças mundiais, diplomatas e outros participantes, o evento corre o risco de ser lembrado como um fiasco logístico e hoteleiro, faltando menos de 100 dias para sua abertura.
Diversas delegações estão pressionando o governo federal para rever sua posição em relação à realização na capital paraense, já que, de acordo com artigo na Bloomberg, a cidade foi escolhida não por sua infraestrutura hoteleira, mas pela proximidade com a Floresta Amazônica.
Resistência com a mudança da sede para outra localidade
Com o número de pedidos para que a COP30 seja transferida para outra cidade, o governo resiste a ideia e procura negociar com as empresas de hospedagem para encontrar uma solução sobre os preços considerados abusivos cobrados por hotéis e particulares em plataformas como a AirBnb.
A COP será em Belém, a cúpula dos líderes será em Belém. Não há plano B.
André Corre do Lago, presidente da COP30 em entrevista coletiva.
Apesar da afirmação, representantes de diversos países continuam pressionando o Brasil para transferir a reunião para outro local. E essa postura já está gerando desistências. O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, desistiu de vir ao Brasil devido aos valores cobrados. Em comunicado, o governo austríaco diz que os altos custos logísticos impedem a viagem.
Outras delegações, como a polonesa e a da Indonésia, também dizem que irão reduzir o tamanho das suas delegações.
Enquanto nas outras edições da COP, a rede hoteleira aumentou em até 3 vezes o valor das tarifas, os preços em Belém estão cerca de 10 vezes mais altos que os cobrados na alta temporada na região.
Situação ainda pode piorar

Belém, situada na região amazônica, tem uma infraestrutura limitada para eventos internacionais e está enfrentando uma grande dificuldade para acomodar os cerca de 50 mil visitantes que devem vir para a COP30.
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E, se não bastasse a escassez de quartos, mesmo com os esforços dos governos estadual e federal, incluindo a utilização de navios de cruzeiro como opção de hospedagem, a lacuna que está sendo criada devido aos custos exorbitantes está preocupando as autoridades e colocando a discussão climática em segundo plano.
Com alguns líderes de países ricos já pensando em não comparecer, esses custos são ainda mais inviáveis para nações pobres, exatamente aquelas mais interessadas na discussão sobre o clima do planeta.
E a discussão vai além da hospedagem. As delegações, segundo artigo da Reuters, também estão preocupadas com a locomoção de seus delegados, se haverá opções de alimentação suficientes e se os aeroportos próximos suportarão o fluxo de visitantes.

O que está sendo feito para evitar mais problemas?
- Em nota enviada à imprensa, a Secretaria Extraordinária da COP30 afirma que está implementando um plano para acomodar prioritariamente países que participarão das negociações oficiais:
- Reserva de 2,5 mil quartos individuais para delegações oficiais, com diárias entre US$ 100 e US$ 600.
- 15 quartos individuais por delegação para os 73 países menos desenvolvidos, com tarifas entre US$ 100 e US$ 200.
- Ajuda de custo da ONU de US$ 146 para delegados cobrirem hospedagem, alimentação e transporte.
- Plataforma de reservas ao público com tarifas entre US$ 360 e US$ 4,4 mil por diária.
Essas tentativas de solução demonstra que o governo brasileiro não pensa em transferir a COP30 para outra cidade.
Não há discussão sobre a mudança da cidade-sede da COP30. O governo brasileiro reitera seu compromisso de realizar uma conferência climática abrangente, inclusiva e acessível.
Nota do governo brasileiro enviado à imprensa.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/13/pro/cop30-em-belem-sonho-sustentavel-vira-desafio-logistico-e-financeiro/