26 de novembro de 2024
Coral com mais de 600 anos pode revelar o passado
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Nas últimas décadas conseguimos medir com precisão as mudanças de temperaturas nos oceanos do mundo. Mas como saber como eles estavam há centenas de anos? Bem, uma forma de fazer isso é analisando estruturas dessa época, principalmente seres vivos, mas poucos estão aqui para contar história. Por isso, esse coral de 600 anos encontrado em Fiji pode ser tão importante.

Pesquisas recentes indicam que o Oceano Pacífico vem aquecendo consideravelmente nos últimos séculos, o que foi acentuado com as mudanças climáticas. Mas entender a variação de temperatura ao longo dos anos é fundamental para ser possível tentar prever o que pode ocorrer no futuro.

Sabemos, por exemplo, que houve anos (e até décadas) mais frios, mas quais exatamente foram esses períodos? É isso que uma pesquisa publicada recentemente na Science Advances quer responder. O estudo analisa um único exemplar do coral Diploastrea heliopora, também conhecido como “coral favo de mel”. O espécime foi descoberto em 1998 e uma amostra foi retirada dele. 

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Os pesquisadores então usaram a amostra e a compararam com outros registros de corais encontrados em Fiji para montar uma cronologia do que ocorreu com as águas na região no período pré-década de 1990, já que desse período para a frente temos registro precismos das águas do local.

Com isso, a pesquisa conseguiu montar um registro que dura deste os anos de 1370 até 1997, cobrindo 627 anos de histórica. Esse é o maior histórico de temperatura já feito em qualquer lugar do mundo no Oceano Pacífico.

Branqueamento de corais põe em risco a saúde do ecossistema. Crédito: Jennifer Lorena Varner – Shutterstock

Coral gigante no Oceano Pacífico

Esse tipo de coral gigante por viver por centenas de anos. De acordo com a pesquisa, ele forma “continuamente um esqueleto de carbonato de cálcio que se acumula em camadas sobre o esqueleto antigo”. Com isso, as camadas mais novas estão na parte externa e o esqueleto antigo vai sendo deixado para trás, criando um rastro de história.

São esses esqueletos do coral que revelam o passado do oceano. A pesquisa analisou o estrôncio e o cálcio, dois dos elementos encontrados nesses modelos, que indicam as condições da água do mar no momento em que o coral “ocupava” esses esqueletos.

Aquecimento do oceano nos últimos anos

Entre os dados revelados está que, por exemplo, houve um período bem quente entre 1370 e 1553. Outros períodos, foram mais gelados. Comparando os dados do esqueleto com dados atuais, os pesquisadores conseguem entender a cronologia do oceano

“Quando fazemos isso, descobrimos que o aquecimento em todo o Pacífico no último século, amplamente atribuído ao aquecimento global causado pelo homem, marca um afastamento significativo da variabilidade natural registrada em séculos anteriores”, diz Juan Pablo D’Olivo , Pesquisador Sênior, Instituto de Ciências Marinhas e Limnologia, Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) no The Conversation.

A conclusão é de que o oceano na região de Fiji está mais quente do que nunca nos últimos 653 anos. Essas mudanças podem levar a climas mais extremos, como secas prolongadas ou ciclones tropicais mais intensos, com implicações significativas para milhões de pessoas que vivem na região. O estudo mostra como é importante preservar e analisar corais do tipo.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/08/18/ciencia-e-espaco/coral-com-mais-de-600-anos-pode-revelar-o-passado-do-oceano-pacifico/