7 de abril de 2025
Corrente oceânica mais forte do mundo pode desacelerar até 2050
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Parte vital do sistema climático da Terra, o oceano atua como um grande regulador de temperatura e armazém de dióxido de carbono (CO2). Suas correntes transportam calor e gases entre regiões, mantendo o planeta em equilíbrio.

No entanto, esse equilíbrio pode estar ameaçado. Cientistas alertam que a Corrente Circumpolar Antártica (ACC), a corrente oceânica mais forte do mundo, pode desacelerar em até 20% até 2050 se as emissões de carbono continuarem altas.

Em poucas palavras:

  • O oceano regula o clima e armazena CO₂, com correntes que equilibram a temperatura global;
  • A Corrente Circumpolar Antártica (ACC) isola a Antártida, bloqueando águas quentes e protegendo o gelo polar;
  • O derretimento do gelo libera água doce, enfraquecendo a corrente;
  • Com emissões elevadas, a ACC pode desacelerar 20% até 2050;
  • Uma ACC mais fraca acelera o degelo e favorece espécies invasoras;
  • Isso reduz a absorção de CO₂ e calor, agravando o aquecimento global e o aumento do nível do mar.

A ACC é uma força invisível que circula o continente antártico e conecta os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. Sua função é manter a Antártida isolada, impedindo que águas mais quentes cheguem ao polo sul.

Essa corrente é mais de 100 vezes mais forte que o rio Amazonas e cinco vezes mais intensa que a Corrente do Golfo. Ela atua como uma muralha líquida que protege o gelo antártico e os ecossistemas ao seu redor.

Aquecimento global enfraquece a corrente oceânica

Nos últimos anos, cientistas têm debatido se o aquecimento global estaria acelerando ou desacelerando a ACC. A teoria inicial era de que o aumento da temperatura faria a corrente ganhar força.

Contudo, um novo estudo, publicado na revista Environmental Research Letters, mostra o contrário. Usando modelos avançados de circulação oceânica, os pesquisadores concluíram que o derretimento do gelo da Antártida pode estar enfraquecendo essa corrente.

Quando o gelo derrete, libera grandes volumes de água doce e fria nos mares polares. Essa água dilui a salinidade e muda a densidade do oceano, dificultando o fluxo da ACC e desacelerando seu ritmo natural.

Imagem da Corrente Circumpolar Antártica obtida pela missão Grace, da NASA. Crédito: NASA / JPL-Caltech

Esse enfraquecimento pode iniciar um ciclo perigoso. Com a corrente mais lenta, águas mais quentes conseguem avançar em direção à Antártida, acelerando ainda mais o derretimento das calotas de gelo.

Além disso, uma ACC mais fraca pode permitir a chegada de espécies invasoras ao continente gelado. Plantas marinhas, como certas algas, poderiam alterar profundamente a delicada cadeia alimentar da região.

Desaceleração da ACC intensifica as mudanças climáticas

No restante do planeta, as consequências também seriam sentidas. Uma corrente oceânica mais lenta reduz a capacidade do oceano de absorver calor e CO2 da atmosfera, acelerando ainda mais as mudanças climáticas.

O derretimento adicional de gelo contribuiria diretamente para a elevação do nível do mar, ameaçando comunidades costeiras e ecossistemas frágeis em todo o mundo.

Os cientistas ainda não sabem exatamente quanto a ACC vai desacelerar nem em quais áreas. Mas há consenso de que o impacto será real e significativo caso as emissões de carbono não sejam controladas.

Enquanto o derretimento na Antártida Ocidental pode ser irreversível, a região oriental ainda pode ser preservada com ações rápidas. A chave está na redução drástica dos gases de efeito estufa.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/04/07/ciencia-e-espaco/corrente-oceanica-mais-forte-do-mundo-pode-desacelerar-ate-2050/