Na última segunda-feira (22), o presidente Donald Trump suspendeu os contratos de arrendamento de cinco grandes projetos de energia eólica offshore nos Estados Unidos, citando “riscos à segurança nacional”. A decisão vai além do setor de energias renováveis e pode ter efeitos diretos sobre a expansão da infraestrutura necessária para sustentar o avanço da inteligência artificial (IA) no país, como explica uma análise do Gizmodo.
Após mais de uma década de estabilidade, o consumo de energia nos EUA voltou a crescer, impulsionado principalmente pelos data centers de IA.
A demanda desse segmento deve aumentar cerca de 22% até o fim de 2025. Parte dessa expansão energética estava prevista para ser atendida por novos projetos de energia eólica offshore, agora colocados em dúvida.
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Energia limpa para sustentar o boom da IA
- Os contratos suspensos envolvem projetos em Nova York, Massachusetts, Rhode Island e Virgínia, incluindo o CVOW, o maior parque eólico offshore do país, com capacidade planejada de 2,6 gigawatts.
- Juntos, os cinco projetos poderiam gerar 5,8 gigawatts — energia suficiente para abastecer cerca de dois milhões de residências ou dezenas de grandes data centers de IA.
- A Dominion Energy, responsável pelo CVOW, afirma que o projeto é essencial para atender à rápida expansão da demanda elétrica na Virgínia, estado que abriga a maior concentração de data centers do mundo.
- Desde 2021, as contas de luz residenciais locais já subiram cerca de 30%, segundo dados oficiais.

Segurança nacional em debate
O Departamento do Interior justificou a suspensão com base em relatórios que apontam possíveis interferências de turbinas eólicas em sistemas de radar.
Especialistas do setor, no entanto, ressaltam que os desenvolvedores já são obrigados a trabalhar com autoridades de defesa para mitigar esses riscos. A própria Dominion afirma que suas turbinas-piloto operam há cinco anos sem impactos à segurança.
Embora o governo diga que a pausa servirá para reavaliar riscos, críticos alertam que atrasar a energia eólica offshore pode comprometer tanto a transição para uma matriz mais limpa quanto a competitividade dos EUA na corrida global da IA.

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