O derretimento do gelo revelou os restos de uma floresta milenar no Grande Ecossistema Yellowstone, na América do Norte. As descobertas indicam mudanças profundas no clima que influenciaram a área no passado e podem ajudar a ciência a conhecer melhor a história da Terra.
Pesquisadores da Montana State University (MSU) analisaram diversos elementos dos “fósseis” das árvores. Foram estudados pinheiros de casca branca que se formaram há quase 6.000 anos no Planalto Beartooth, nas Rocky Mountains, cadeia montanhosa a oeste dos Estados Unidos.
Os restos mortais foram encontrados a cerca de 180 metros acima do local onde as árvores estão atualmente. Isso indica que as condições mudaram de forma significativa na região.
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O avanço da floresta conta uma história
Em montanhas muito altas é possível ver um fenômeno conhecido como linha das árvores. Este é um ponto máximo em que as condições de crescimento são favoráveis, depois dele a vegetação começa a diminuir.
Temperaturas mais altas podem prolongar o período de crescimento das árvores e criar um ambiente menos estressante para essas plantas. Isto permite que elas se desloquem montanha acima.
Ao contrário, uma temporada mais fria encurta o ciclo de multiplicação da vegetação e torna as condições mais estressantes. Essa configuração faz com que as árvores recuem.
Outros fatores, como umidade, vento, neve acumulada e atividade humana, também podem influenciar em como essas plantas crescem em montanhas. Mas, a temperatura durante a estação de crescimento é a variável principal.
A linha das árvores costumava ser mais alta no Planalto Beartooth, segundo expõe a pesquisa. Isso indica que as condições climáticas no passado do local eram mais aquecidas.
Os pesquisadores descobriram que a floresta provavelmente cresceu quando as temperaturas médias da estação quente, que vai de maio a outubro, eram cerca de 6,2 °C. Condições similares a essa voltaram a aparecer em meados do século XX, oque causou o início do degelo.
A vegetação prosperou por centenas de ciclos até desabar há aproximadamente 5.500 anos. O seu desaparecimento recebeu impulso de uma grande queda nas temperaturas, provavelmente desencadeada pela atividade vulcânica intensa no Hemisfério Norte durante o período.
Os efeitos do vulcanismo estimularam a tendência de esfriamento já existente na região. O evento fez com que o clima resfriasse ainda mais e tornou as condições impróprias para a sobrevivência da floresta.
Um passado ainda mais distante abaixo da neve
“Esta é uma evidência bastante dramática de mudanças no ecossistema devido ao aquecimento da temperatura. É uma história incrível de quão dinâmicos esses sistemas são” disse David McWethy, coautor do estudo e professor associado do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Letras e Ciências da MSU, em um comunicado.
A preservação de um ecossistema tão antigo como este é muito rara. Um dos motivos de sua situação conservada é que ele ficou aprisionado sob uma camada de gelo, não embaixo de uma geleira, que flui e treme com o passar do tempo.
Agora, a equipe planeja explorar a descoberta ao máximo. O foco é utilizá-la para obter informações raras sobre o passado distante do planeta Terra.
“A maioria dos nossos melhores registos climáticos de longo prazo vêm da Groenlândia e da Antártida. Não é pouca coisa encontrar manchas de gelo que persistiram por tanto tempo em latitudes mais baixas no interior do continente”, explicou McWethy.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/20/ciencia-e-espaco/degelo-revela-floresta-ancestral-escondida-em-montanhas-nos-eua/