9 de janeiro de 2025
Desastres climáticos aumentaram 250% nos últimos quatro anos no Brasil
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Um levantamento apresentado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica serve como mais um alerta sobre os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Os desastres climáticos no Brasil aumentaram 250% nos últimos quatro anos (de 2020 a 2023), em comparação com os registros da década de 1990.

O trabalho usou dados públicos extraídos do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, considerando o período de 1991 a 2023. Ainda analisou informações da temperatura média do ar e da superfície oceânica dos últimos 32 anos, com base em análises da agência europeia Copernicus.

Quase todos os municípios brasileiros já foram atingidos

  • Segundo os pesquisadores, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global do ar, ocorreram mais 360 desastres climáticos no Brasil.
  • No oceano, para cada aumento de 0,1°C na temperatura média global da superfície oceânica, foram registrados mais 584 eventos extremos no país.
  • O levantamento aponta que foram 6.523 desastres climáticos em municípios brasileiros na década de 1990.
  • Já no período de 2020 a 2023, estes números subiram para 16.306.
  • No total, são 64.280 ocorrências do tipo desde 1990, o que representa um aumento, em média, de 100 casos por ano.
  • O estudo destacou, ainda, a extensão dos estragos: 5.117 municípios brasileiros reportaram danos causados por desastres climáticos entre 1991 e 2023, representando 92% dos municípios do país.
  • As principais ocorrências foram secas (50% dos registros), seguidas por inundações, enxurradas e enchentes (27%) e tempestades (19%).
  • O levantamento completo pode ser conferido clicando aqui.
A seca representa metade dos registros de desastres naturais no Brasil (Imagem: Chakkaphong wanphukdee/Shutterstock)

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Projeção é de aumento ainda maior no número de desastres naturais

O trabalho também analisou as consequências econômicas e sociais dos desastres climáticos. Entre 1995 e 2023, os prejuízos econômicos no Brasil atingiram R$ 547,2 bilhões. Nos primeiros quatro anos da década de 2020, as perdas somaram R$ 188,7 bilhões, 80% do total registrado em toda a década anterior (2010-2019) e corresponde a 0,5% do PIB nacional acumulado nos últimos quatro anos.

As projeções baseadas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e na taxa atual de registros de desastres, mostram que os números podem aumentar nas próximas décadas. No cenário mais otimista, até o final do século, no qual as metas do Acordo de Paris para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C sejam cumpridas, o Brasil poderá registrar até 128.604 desastres climáticos entre 2024 e 2050, o dobro do total observado nas últimas três décadas. Já no cenário mais pessimista, no qual o aquecimento do planeta ultrapassa 4°C, o número de desastres pode chegar a quase 600 mil ocorrências até 2100, nove vezes o registrado entre 1991 e 2023.

Rio Grande do Sul sofreu inundação histórica neste ano (Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Conforme o estudo, mesmo no menor cenário, o Brasil pode sofrer um impacto de R$ 1,61 trilhão até 2050. Se o cenário pessimista se concretizar, os custos poderão ultrapassar R$ 8,2 trilhões até o final do século, 15 vezes o total observado nas últimas décadas.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/30/ciencia-e-espaco/desastres-climaticos-aumentaram-250-nos-ultimos-quatro-anos-no-brasil/