29 de setembro de 2025
Descoberta sobre astro que “ajudou a matar” Plutão surpreende cientistas
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Em 2006, o distante e gelado Makemake, descoberto um ano antes no Cinturão de Kuiper, foi oficialmente reconhecido pela União Astronômica Internacional (IAU) e logo se tornou peça-chave em um debate histórico. Ao lado de outros corpos com dimensões semelhantes às de Plutão, ele ajudou a “matar” o status até então estabelecido do vizinho mais famoso. 

Sua existência mostrou que havia vários objetos comparáveis, forçando os astrônomos a adotar critérios mais rigorosos para classificar um corpo celeste e a criar a categoria “planeta anão”.

Quase duas décadas depois, uma equipe de cientistas acaba de fazer uma descoberta surpreendente sobre esse enigmático astro, que continua a desafiar o conhecimento sobre os planetas anões do Sistema Solar.

Representação artítisca do planeta anão Makemake. Crédito: Alpha Footage – Shutterstock

James Webb revela atmosfera gasosa em planeta anão

Segundo relata um artigo disponível no servidor de pré-impressão arXiv, já aceito para publicação pelo periódico científico The Astrophysical Journal Letters, foi detectado metano em Makemake – o que faz dele apenas o segundo objeto situado além da órbita de Netuno a ter presença de gás, depois de Plutão.

A descoberta foi feita por uma equipe liderada pelo Southwest Research Institute (SwRI) usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA. Em um comunicado, Silvia Protopapa, astrofísica do SwRI e autora principal do estudo, conta que o equipamento revelou metano em fase gasosa acima da superfície de Makemake, um dos maiores e mais brilhantes mundos transnetunianos. 

“Isso torna Makemake ainda mais fascinante”, diz a cientista, acrescentando que isso mostra que o planeta anão não é apenas um fragmento congelado do Sistema Solar, mas um corpo dinâmico, onde o gelo de metano ainda passa por mudanças.

Com cerca de 1.430 km de diâmetro, Makemake tem cerca de dois terços do tamanho de Plutão. O JWST detectou o metano por meio de uma assinatura espectral na luz solar refletida pelas moléculas desse gás, confirmando sua presença em estado gasoso.

Em observações feitas pelo Telescópio Espacial James Webb, uma equipe do SwRI detectou metano em estado gasoso na superfície do planeta anão Makemake. O gás foi identificado através de picos de emissão em comprimentos de onda de 3,3 mícrons, que se destacaram em relação ao espectro contínuo. Crédito: S. Protopapa, I. Wong/SwRI/STScI/NASA/ESA/CSA

Segundo o estudo, esse metano pode indicar uma atmosfera muito tênue ou uma atividade temporária, semelhante à observada em cometas, quando os gases sublimam. Outra possibilidade são plumas criovulcânicas, fenômeno em que jatos de gás e gelo são expelidos da superfície.

Se a atmosfera de Makemake for permanente, ela é extremamente fina. Os modelos indicam que sua pressão superficial chega a apenas 10 picobares, cerca de 100 bilhões de vezes menor que a da Terra. Mesmo assim, é suficiente para que pequenas quantidades de metano escapem de forma constante ou em explosões localizadas.

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“Irmão” de Plutão poderia liberar plumas semelhantes às de lua de Saturno

Os pesquisadores simularam cenários em que o gás seria liberado em plumas, sugerindo taxas de algumas centenas de quilos por segundo. Essa atividade seria comparável às plumas de água observadas na lua Encélado, de Saturno, conhecida por seu oceano subterrâneo e jatos de gelo.

Os cinco planetas anões reconhecidos pela União Astronômica Internacional são Plutão, Éris, Haumea, Makemake e Ceres. Crédito: Meletios Verras – Shutterstock

Ian Wong, coautor do estudo, destacou que futuras observações do Webb com maior resolução espectral poderão esclarecer se o metano vem de uma atmosfera fina ou de plumas momentâneas. Estudos anteriores, feitos durante o trânsito de Makemake em frente a estrelas, não detectaram uma atmosfera significativa, mas não descartaram a existência de uma camada muito tênue.

A descoberta de metano gasoso em Makemake transforma a visão sobre ele, que deixa de ser somente um simples “irmão” congelado de Plutão para se tornar um mundo dinâmico e ativo, revelando como os planetas anões funcionam e se comportam em regiões tão distantes do Sol.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/29/ciencia-e-espaco/descoberta-sobre-astro-que-ajudou-a-matar-plutao-surpreende-cientistas/