18 de outubro de 2025
Do legado à inovação: o segredo das empresas centenárias na
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Por Maria Clara Ramos, diretora executiva de Transformação, Estratégia e Marketing da Allianz Seguros
Ultrapassar os 100 anos de história não é apenas para sobreviventes. Em termos corporativos, empresas centenárias são exemplos de resiliência e capacidade de adaptação. Em um cenário onde tecnologias emergem e desaparecem rapidamente, essas organizações demonstram que a longevidade está diretamente ligada à habilidade de se reinventar e de fazê-lo estrategicamente, com propósito.

Hoje, capital humano, metodologias ágeis, transformação digital e culturas horizontalizadas são o motor que permite a essas companhias se adaptarem e prosperarem na velocidade do presente. O “17th State of Agile Report”, publicado pela Digital.ai em 2024, revela que 71% dos participantes utilizam práticas ágeis em algum ponto do ciclo de vida de desenvolvimento de software, enquanto 42% usam modelos híbridos que combinam Agile, DevOps ou outras abordagens.

A nova base da adaptação corporativa

Ainda assim, a transformação digital continua a ser desafiadora. A consultoria BCG estima que apenas 30% das iniciativas digitais atingem plenamente as suas metas de valor. As causas mais comuns de insucesso incluem projetos conduzidos sem engajamento da liderança, resistência cultural e dificuldade em transformar pilotos em escala, muitas vezes por não entender a jornada do cliente.

Empresas na era da tecnologia necessitam de liderança clara e bem organizada (Imagem: jacoblund/iStock)

A conclusão é clara: a diferença entre fracasso e sucesso não está apenas na tecnologia, mas sobretudo na governança, na clareza das prioridades e na criação de um ambiente que acompanhe resultados e valorize o aprendizado contínuo. E como isso deve ser feito?

Responsabilidade das empresas

Li em um artigo sobre responsabilidade ética publicado na MDPI em 2022 que a transição para práticas ágeis requer alterações significativas na cultura organizacional, nas competências das equipes e na estrutura da empresa. Concordo plenamente que, cada vez mais, esse movimento tem sido acompanhado de um novo olhar sobre a governança com mais abertura para colaboração transversal.

Acompanhar tendências é essencial para empresas se manterem longevas e sustentáveis a longo prazo (Imagem: Galeanu Mihai/iStock)
Acompanhar tendências é essencial para empresas se manterem longevas e sustentáveis a longo prazo (Imagem: Galeanu Mihai/iStock)

Ainda assim, só olhar para dentro não basta. Para manter a longevidade, é preciso também enxergar o mercado como um campo de oportunidades. As metodologias ágeis reforçam a importância de colocar o cliente no centro, mas a sustentabilidade de longo prazo exige atenção ao que acontece ao redor: tendências positivas, movimentos de outras indústrias e mudanças macroeconômicas que podem inspirar novas frentes de atuação.

Pensar em inovação e propósito a longo prazo

Em última instância, isso também é olhar para o cliente, conhecer o que há de mais novo e oferecer a ele o que há de melhor, tanto em termos de tecnologia de ponta, quanto de inovação em gestão. Empresas centenárias demonstram, historicamente, essa combinação pragmática. Elas criam frentes de trabalho transversais, envolvendo diferentes níveis hierárquicos, e reduzem a distância entre ideias e execução.

Um levantamento da Harvard Business Review sobre companhias com mais de 100 anos destaca que essas organizações preservam um núcleo de propósito estável, mas cultivam uma “aresta” disruptiva, explorando novos modelos e experimentações, o que garante sua relevância. Ou seja, as empresas centenárias existem até hoje porque se modernizaram, esse é o segredo da longevidade. Acima de tudo, vêm as pessoas, é claro, mas é preciso também conectá-las a um propósito de crescimento que dialogue com o tempo em que vivemos.

Dialogar com o tempo em que vivemos e explorar novos modelos podem ser chaves para a longevidade das empresas (Imagem: Alex Cristi/iStock)
Dialogar com o tempo em que vivemos e explorar novos modelos podem ser chaves para a longevidade das empresas (Imagem: Alex Cristi/iStock)

Para organizações em transformação, as lições ficam ainda mais evidentes: alinhar propósito e métricas de valor, dar autonomia real a times responsáveis por resultados, investir em capacidades digitais modulares (como APIs e plataformas de dados), e desenvolver uma liderança que habilite em vez de apenas controlar. De acordo com a McKinsey, companhias que combinam esses elementos aumentam significativamente suas chances de sucesso em programas digitais.

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Em resumo, a longevidade empresarial não é uma questão de sorte, mas de estratégia. Empresas centenárias permanecem relevantes porque conseguem se adaptar às mudanças. Isso é resultado de disciplina organizacional e da capacidade de transformar aprendizado em vantagem competitiva. A agilidade, combinada à cultura horizontal e a um olhar atento ao mercado, é a chave dessa permanência.

O post Do legado à inovação: o segredo das empresas centenárias na Era Ágil apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/10/18/pro/do-legado-a-inovacao-o-segredo-das-empresas-centenarias-na-era-agil/