
Uma aeronave capaz de cruzar oceanos e que pesa somente 25 quilos pode parecer improvável, mas essa é exatamente a proposta de uma equipe de pesquisadores da França, conforme divulgado pela Agência FAPESP. O Drone Mermoz pode ser a primeira aeronave não tripulada a cruzar oceanos, com capacidade de percorrer até 3,2 mil quilômetros sem pausas.
O design do drone de propulsão elétrica é inspirado nas técnicas de voo do albatroz, ave que “pega carona” nas turbulências atmosféricas para percorrer até quase mil quilômetros por dia. Essa técnica permite que os pássaros reduzam o esforço e economizem energia.
O projeto é desenvolvido por pesquisadores e estudantes do Instituto Superior de Aeronáutica e Espaço (Isae-Supaero), de Toulouse. A ideia é que a aeronave repita o feito histórico do piloto Jean Mermoz que, em maio de 1930, realizou a primeira travessia comercial do Atlântico Sul. O voo foi feito pela companhia aérea Aéropostale, partindo de Saint-Louis, no Senegal, até Natal, no Rio Grande do Norte, marcando um avanço significativo na aviação da época.

As aeronaves elétricas não tripuladas atualmente em operação têm alcance e autonomia limitados devido à baixa densidade energética das baterias de lítio. Por isso, neste novo projeto, os pesquisadores pretendem utilizar células a combustível de hidrogênio, uma fonte de energia limpa que pode contribuir para a descarbonização da matriz energética global.
Hidrogênio X Lítio
As células a combustível de hidrogênio oferecem diversas vantagens em relação às baterias de lítio, algumas delas são:
- Fornecem cerca de cinco vezes mais energia por hora de voo para o mesmo peso.
- Apresentam maior confiabilidade operacional.
- Demandam menos manutenção do que motores de combustão interna.
Essas características tornam o drone promissor para aplicações comerciais, civis e militares, já que ele poderá voar por longos períodos, com baixo nível de ruído e sem a necessidade de pousos frequentes.

Desafios
Um dos principais desafios no uso das células de hidrogênio é a dissipação do calor gerado durante o processo. Para superar essa limitação, os pesquisadores desenvolveram um protótipo que utiliza hidrogênio em estado líquido, o que também contribui para ampliar a autonomia da aeronave.

O drone será equipado com um sistema de comunicação via satélite, permitindo o carregamento e a atualização de rotas conforme as condições meteorológicas.
Isso possibilita carregar e atualizar a rota em função de diferentes condições meteorológicas
Nikola Gavrilovic, pós-doutorando no Isae-Supaero, em entrevista à Agência FAPESP.
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