O ecossistema de anúncios (ads) do Google é fechado pelo bem da segurança do usuário e das empresas. Pelo menos, essa é a defesa apresentada pela big tech quando o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) alegou conduta anticompetitiva.
De um lado, o DOJ argumenta que o Google monopolizou o mercado de tecnologia de anúncios para aumentar seus lucros. De outro, testemunhas da empresa afirmam que a conduta apontada como anticompetitiva pelo DOJ tem propósitos comerciais justificáveis. As informações e análises são do site The Verge.
Ecossistema de ads é fechado por questões de segurança, diz Google
Os tais propósitos comerciais justificáveis foram enfatizados por dois executivos do Google: Per Bjorke, diretor de gerenciamento de produtos para a qualidade do tráfego de anúncios, e Alejandro Borgia, diretor de gerenciamento de produtos para a segurança de anúncios.
- Para você entender: as equipes de Bjorke e Borgia trabalham para que os anúncios veiculados no Google sejam comprados e vendidos por partes confiáveis – e que sejam vistos por pessoas reais e não por bots.
Bjorke, cuja equipe se concentra em editores (publishers), descreveu o trabalho do Google para combater fraudes de cliques por meio de sites duvidosos.
- A cada dia, de 15 mil a 20 mil editores tentam se inscrever para usar as ferramentas do Google, disse Bjorke;
- Cada um precisa ser aprovado num processo de verificação em várias etapas;
- Entre essas etapas, está o envio de uma carta (sim, de papel mesmo) – a ideia é dificultar uso de endereços falsos por fraudadores.
Do lado dos anunciantes, milhões de inscrições são bloqueadas a cada ano com base em sinais de intenção maliciosa, disse Borgia.
Ambos afirmaram que:
- Suas equipes não têm metas de receita (leia-se: lucros);
- Google vê essa proteção como um serviço que faz parte do trabalho com seus produtos;
- Bjorke acrescentou que o objetivo é garantir que atores mal-intencionados não entrem no ecossistema publicitário do Google e não estraguem a experiência de todos.
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Tentativa de abrir ecossistema de ads do Google
Quando o Google teve oportunidades de abrir seu ecossistema, a empresa ponderou os custos de segurança, disse Bjorke.
No início da década de 2010, por exemplo, a rede de anúncios do Google Ads considerava permitir que sua enorme base de anunciantes fizesse lances em diferentes bolsas além da própria AdX, do Google. O projeto foi chamado de AWBid.
- Um lado: DOJ apontou o AWBid como um exemplo de como o Google é capaz de permitir mais competição;
- Outro lado: Bjorke argumentou que isso exigiu quantidade enorme de trabalho, além de trazer muitos riscos.
Questões de segurança (pelo bem do usuário e das empresas)
Bjorke insistiu que o Google não bloqueia concorrência, mas sim tenta ajudá-la. Após uma grande fraude publicitária online, ele diz que o Google percebeu que poderia seguir um de dois caminhos:
- Focar internamente para proteger os anunciantes em sua própria plataforma;
- Ajudar a limpar a fraude publicitária em toda a indústria.
A empresa escolheu a segunda opção. E isso significou mais trabalho para o Google, disse Bjorke. Mas abordou uma perda de confiança potencialmente catastrófica na publicidade digital.
- Um ponto importante: o argumento subjacente é que quando o Google ganha poder e toma decisões para anunciantes e editores, isso é bom para todos, apontou o The Verge.
E agora? Bom, até o momento o Google tem se apoiado num precedente da Suprema Corte segundo o qual não pode ser forçado a negociar com rivais. Agora, a big tech alega que interoperabilidade tem riscos tangíveis e pragmáticos. A ver se vai colar.
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