24 de abril de 2025
Esqueleto traz primeira prova física de combate entre leão e
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Pela primeira vez na história, arqueólogos encontraram provas físicas de um gladiador que lutou contra um leão. A descoberta ocorreu em York, no Reino Unido, e oferece uma confirmação concreta de uma das cenas mais icônicas da cultura do Império Romano: o confronto direto entre homem e animal.

Até hoje, o que se sabia sobre essas lutas vinha de textos antigos, esculturas e mosaicos. Filmes e séries ajudaram a popularizar essas histórias, mas nenhuma evidência física havia sido localizada – nenhum osso humano com marcas típicas de ataque por animais selvagens.

Isso mudou com a análise de um esqueleto batizado de 6DT19, encontrado em York há cerca de 20 anos. A ossada foi descoberta durante escavações no quintal de uma casa, quando os proprietários planejavam uma reforma e se depararam com indícios de um cemitério.

Diversas obras de arte retratam lutas entre gladiadores e grandes felinos. Crédito: Sofoklo – Shutterstock

Mais de 80 gladiadores foram sepultados no local

Arqueólogos descobriram mais de 80 esqueletos no local, a maioria de homens jovens. Muitos apresentavam lesões compatíveis com combates violentos. Os ferimentos e o padrão de sepultamento sugeriam que aquelas pessoas poderiam ter sido gladiadores.

O esqueleto 6DT19 despertou atenção por uma razão específica: havia marcas estranhas no osso do quadril. Eram pequenos sulcos que não combinavam com cortes de espada ou impactos comuns em batalhas humanas.

Outros especialistas já haviam cogitado que as marcas fossem mordidas de um animal de grande porte, como um leão. Mas, ninguém havia conseguido provar isso até o estudo liderado pelo antropólogo Tim Thompson, da Universidade Maynooth, na Irlanda, que foi publicado na quarta-feira (23) na revista PLOS One.

Primeira evidência concreta de que homens lutaram contra grandes felinos

Para chegar a uma conclusão, Thompson e sua equipe precisaram de uma base de comparação. Eles recorreram a zoológicos britânicos, pedindo acesso a ossos de animais mortos por grandes felinos como leões, tigres e chitas.

Com o material em mãos, os cientistas iluminaram os ossos com uma grade de luz especial e criaram mapas tridimensionais das mordidas. Depois, fizeram o mesmo com o esqueleto 6DT19 e compararam os padrões de marca.

O resultado foi surpreendente: as marcas no osso do gladiador eram compatíveis com a mordida de um leão. A semelhança nos ângulos, profundidade e espaçamento das marcas eliminou outras possibilidades.

Lesões nos ossos de um esqueleto humano encontrado em York, no Reino Unido, são consistentes com marcas de mordidas de animais. Crédito: Thompson et al., 2025, PLOS One

A descoberta representa a primeira evidência física direta de que gladiadores lutaram contra grandes felinos, como sugerem os relatos históricos. Um símbolo do entretenimento brutal promovido pelos romanos.

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Segundo Thompson, a mordida no quadril não parece ter sido fatal. A hipótese mais provável é que o homem já estivesse ferido ou inconsciente quando foi atacado. O leão teria mordido e arrastado o corpo, como fazem com presas na natureza.

A antropóloga Kathryn Marklein, da Universidade de Louisville, que não participou da pesquisa, afirmou ao jornal The New York Times que esse achado ajuda a compreender melhor como Roma usava a violência como espetáculo e mecanismo de poder.

Trazer leões de regiões distantes e colocar humanos para lutar com eles era uma maneira de mostrar força. Era um lembrete cruel do que poderia acontecer com quem desobedecesse ao Império. “Era mais do que entretenimento”, disse Marklein. “Era um teatro de dominação. Quem assistia entendia o recado: respeite Roma ou arrisque terminar assim”.

O post Esqueleto traz primeira prova física de combate entre leão e gladiador romano apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/04/24/ciencia-e-espaco/esqueleto-traz-primeira-prova-fisica-de-combate-entre-leao-e-gladiador-romano/