
O acesso à informação nunca foi tão amplo como na atualidade, ainda mais com a chegada da inteligência artificial. Hoje, podemos pesquisar sobre qualquer assunto em poucos segundos e somos inundados como centenas de respostas para o questionamento feito.
Na década de 1940, no entanto, o mundo era completamente diferente. Foi nesta época que o engenheiro Vannevar Bush criou o chamado “memex”, um dispositivo capaz de armazenar vários dados em um só lugar.
Invenção de Bush revolucionou o acesso à informação
- Em artigo publicado no The Conversation, o professor Nartin Rudorfer, da Universidade de Aston, na Inglaterra, explica que o “memex” armazenava um grande número de documentos em um formato muito compactado que podia ser projetado em telas translúcidas.
- A invenção ainda incluia uma forma de indexação associativa para amarrar dois itens.
- Dessa forma, o usuário seria capaz de usar um teclado para clicar em um número de código ao lado de um documento, sem precisar procurar nada em um índice.
- O dispositivo inspirou a invenção, na década de 1960, de sistemas de hipertexto, nos quais os documentos continham hiperlinks que podiam acessar diretamente outras páginas e informações.
- Estes se tornaram a base da rede mundial de computadores como a conhecemos.
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IA traz consigo riscos para a criatividade humana
Bush acreditava que o grande diferencial do “memex” era a capacidade de tornar mais fácil para os usuários criar novas ideias. Apesar de sua invenção ter revolucionado o acesso à informação, o engenheiro se frustrou com o que viu apenas alguns anos depois. Ele próprio escreveu: “Em 1945, sonhei com máquinas que pensassem conosco. Agora, vejo máquinas que pensam por nós – ou pior, nos controlam”.
O legado Vannevar Bush é fundamental para entendermos o mundo de hoje, onde a popularização da IA acaba automatizando o pensamento humano. Embora a tecnologia traga diversos benefícios, ela também pode nos fazer sentir mais desconfortáveis.
Essa tecnologia está aprimorando e aprimorando nossas habilidades ou está nos tornando preguiçosos? Sem dúvida, todo mundo é diferente, mas o perigo é que, quaisquer que sejam as habilidades que deixamos para as máquinas, acabamos perdendo, e as gerações mais jovens podem nem ter a oportunidade de aprendê-las em primeiro lugar.
Nartin Rudorfer, professor da Universidade de Aston

Segundo o autor do artigo, não se trata de transformar a inteligência artificial em um vilão da modernidade. Pelo contrário, precisamos entender quais devem ser os limites dessa ferramenta pensando nos benefícios que ela pode nos proporcionar.
A lição de como podemos pensar é que uma solução puramente técnica como o memex não é suficiente. A tecnologia ainda precisa ser centrada no ser humano, sustentada por uma visão filosófica. Ao contemplarmos uma grande automação no pensamento humano nos próximos anos, o desafio é proteger de alguma forma nossa criatividade e raciocínio ao mesmo tempo.
Nartin Rudorfer, professor da Universidade de Aston
O post Esta máquina esquecida de 80 anos pode nos ajudar a ‘sobreviver’ à IA apareceu primeiro em Olhar Digital.
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