3 de novembro de 2025
Estação Espacial Internacional completa 25 anos de ocupação contínua
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Há exatos 25 anos, a Estação Espacial Internacional (ISS) começou a ser ocupada continuamente. Formada por William Shepherd, astronauta dos EUA, e os cosmonautas russos Yuri Gidzenko e Sergei Krikalev, a primeira tripulação entrou no laboratório orbital em 2 de novembro de 2000. Desde então, a estrutura é constantemente habitada, com até 13 pessoas ao mesmo tempo.

Ao longo dessas duas décadas e meia, 290 indivíduos de 26 países já visitaram a estação, alguns permanecendo por até um ano ou mais. Cerca de 40% de todos os seres humanos que já estiveram no espaço passaram por ali. Somando todo o tempo que cada astronauta passou na ISS, eles acumularam quase 127 anos de experiência, gerando conhecimento valioso sobre como viver e trabalhar em órbita baixa da Terra.

O astronauta da NASA, Jonny Kim, um dos atuais habitantes da ISS, removendo equipamentos de pesquisa do interior do Laboratório de Ciência dos Materiais. Crédito: NASA

Estação espacial é um imenso laboratório científico

A aparência externa futurista contrasta com o interior, que é funcional, mas bastante bagunçado, com cabos e equipamentos espalhados pelos corredores. Não há chuveiros, cozinhas completas ou áreas de lazer como nas espaçonaves da ficção.

A estação funciona como um grande laboratório científico. Quase 200 instalações de pesquisa permitem estudar desde física básica e astronomia até saúde humana e crescimento de plantas. A ISS também se tornou referência para o turismo espacial, recebendo visitantes que pagam para passar curtos períodos em órbita.

Além dos experimentos conduzidos pelos astronautas, eles mesmos são objetos de estudo, como, por exemplo, sobre os aspectos sociais e culturais da vida em órbita. Pesquisadores utilizam fotos publicadas pela NASA para analisar como os astronautas interagem com os módulos e equipamentos, revelando hábitos, rotinas e formas de adaptação à microgravidade.

Estrutura é setorizada por nacionalidades

Nos momentos livres, os astronautas dedicam tempo a tornar o local mais personalizado. Decoram paredes com fotos e lembranças, organizam pequenas comemorações e escolhem alimentos especiais para datas comemorativas. Suas atividades, no entanto, continuam rigidamente controladas por procedimentos e pelo Centro de Controle da Missão, o que limita a autonomia.

Vista da escotilha do módulo Node 1 (Unity) para a câmara de descompressão do lado estadunidense da ISS, exibindo no topo um memorial criado pela tripulação em homenagem aos colegas falecidos ali. Crédito: NASA e ASI

A tripulação desenvolve soluções criativas para problemas cotidianos. Bancadas projetadas para manutenção de equipamentos são usadas para armazenar objetos pessoais, aproveitando o velcro. Kits de higiene precisam ser adaptados à falta de armários. Essas estratégias mostram como os humanos ajustam suas rotinas às condições extremas do espaço.

Outra característica da estação é a divisão por nacionalidades. Cada agência espacial controla seus próprios módulos, como o Harmony e outros três da NASA, o Columbus, da Agência Espacial Europeia (ESA), o Kibō, da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), e o Zvezda, entre outros, da Roscosmos.

Vista do módulo laboratório Columbus, da ESA, na Estação Espacial Internacional. Crédito: NASA e ASI

Justin Walsh, professor de História da Arte, Arqueologia e Estudos Espaciais na Universidade Chapman, na Califórnia, EUA, é um dos autores do Projeto Arqueológico da ISS (ISSAP), a primeira pesquisa de arqueologia espacial em grande escala, que completa 10 anos este mês. Em um artigo para o site The Conversation, ele diz que “isso faz sentido, já que cada agência é responsável perante seus próprios contribuintes e precisa demonstrar como o dinheiro está sendo gasto, embora provavelmente não seja a maneira mais eficiente de administrar o que é o projeto de construção mais caro da história da humanidade.”

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ISS vai ser “derrubada” na Terra

A vida útil da estação está se aproximando do fim. O plano é encerrar as operações por volta de 2030, com reentrada controlada na atmosfera terrestre planejada para até 2031.

Representação artística elaborada com Inteligência Artificial mostra a Estação Espacial Internacional (ISS) caindo no oceano. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Para essa desorbitagem, a NASA e seus parceiros desenvolverão procedimentos de redução gradual de altitude, guiando a ISS de forma segura até cair em uma zona remota do Oceano Pacífico, minimizando riscos para pessoas e áreas habitadas.

Futuramente, estações privadas vão ocupar o lugar desse complexo científico que marcou a história da exploração espacial.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/11/02/ciencia-e-espaco/estacao-espacial-internacional-completa-25-anos-de-ocupacao-continua/