
Os fungos normalmente são associados a doenças ou outros problemas de saúde. Mas isso nem sempre é verdade. O Hericium erinaceus, também conhecido como Juba de Leão, é um exemplo de como estes organismos podem ser benéficos para o nosso organismo.
De acordo com um novo estudo, ele apresenta um suposto potencial para melhorar a saúde do cérebro, especialmente em áreas como cognição, memória e estresse. Não é à toa que é utilizado na medicina tradicional asiática há séculos.
Fungo pode melhorar humor em idosos
- Nas últimas décadas, pesquisadores identificaram compostos bioativos poderosos na composição deste fungo.
- As hericenonas e erinacinas, por exemplo, são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e estimular a produção de neutrofinas como o NGF (Fator de Crescimento Nervoso) e o BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro), proteínas essenciais para o crescimento e a manutenção de neurônios.
- Trabalhos com animais e culturas celulares também já mostraram que esses compostos têm potenciais efeitos neuroprotetores, anti-inflamatórios e de melhora de humor e cognição em idosos com queixas cognitivas.
- Mas ainda faltavam dados clínicos para entender seus efeitos em pessoas saudáveis.
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Aumento da resposta cognitiva e efeito modulador do estresse
Em artigo publicado no portal The Conversation, Fabricio Pamplona, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que a nova pesquisa avaliou os efeitos do fungo em 43 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 45 anos. Os participantes foram divididos aleatoriamente para receber cápsulas com 600 mg de cogumelo três vezes ao dia ou placebo.
Os testes foram feitos em dois momentos: logo após a primeira dose (efeito agudo) e depois de 28 dias de uso contínuo (efeito crônico). O objetivo era avaliar possíveis mudanças na cognição, no humor e no estresse percebido ao tomar e após 1 mês de tratamento. Apenas uma hora após a primeira dose, os participantes já apresentaram melhora significativa na velocidade de processamento cognitivo comparado ao grupo placebo. Já após 28 dias de uso contínuo, o grupo tratado com o cogumelo apresentou uma redução considerável nos níveis de estresse percebidos. Essa diferença foi significativa em relação ao grupo placebo, e também quando comparada ao próprio grupo antes da intervenção.
Esses resultados indicam que o Juba de Leão pode ter dois efeitos distintos: um impacto rápido na velocidade de resposta cognitiva e, com uso contínuo, também um efeito modulador do estresse. Os efeitos do cogumelo são complexos e ainda pouco conhecidos, mas muito promissores.
Fabricio Pamplona, professor da UFSC

Sobre o mecanismo de ação do fungo, o especialista acredita que os efeitos observados estejam relacionados à ação neurotrófica dos compostos do cogumelo, que aumentam a expressão de NGF e BDNF — dois fatores essenciais para plasticidade sináptica, aprendizagem e regulação emocional. Além disso, há evidências de que esses compostos modulam neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina, o que pode explicar o efeito no estresse.
Em populações mais vulneráveis, como idosos ou pessoas com quadros depressivos, os efeitos do Juba de Leão podem ser ainda mais marcantes. Mesmo assim, este foi o primeiro estudo a demonstrar um benefício agudo em tempo de resposta cognitiva em indivíduos sem comprometimento neurológico, o que apoia a ideia de se usar o fungo como um nootrópico, isto é, um “aumentador” de performance cognitiva.
Fabricio Pamplona, professor da UFSC
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