24 de novembro de 2024
Estudo desafia teorias clássicas sobre passado da Terra
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As teorias clássicas sobre o passado da Terra são bem aceitas no meio científico, mas podem não estar completamente corretas. Um estudo publicado recentemente mostra que já existiam seres vivos habitando o planeta há 800 milhões de anos, bem antes do que sugerem as linhas de pensamento atuais.

A descoberta foi publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) e mostra que, muito antes da Pangeia, a Terra já contava com uma diversidade impressionante de seres eucariontes.

Passado da Terra é mais diverso do que se pensava (Crédito: Triff/Shutterstock)

Passado da Terra era diverso bem antes do que imaginávamos

O estudo revelou que diversas linhagens de seres eucariontes (seres vivos com células com núcleos delimitados) surgidas há 1,5 bilhão de anos se estabeleceram e se diversificaram há 800 milhões de anos. Esse período foi marcado pela oxigenação do Neoproterozoico (oxigenação profunda dos oceanos).

Teorias clássicas sobre o passado da Terra previam que essa diversificação só aconteceria na revolução do Cambriano, há 540 milhões de anos – 260 milhões de anos depois do que a pesquisa atual sugeriu. Ou seja, a diversidade de vida no planeta é bem mais antiga do que se pensava.

Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e autor sênior do artigo, explicou essa mudança no paradigma à Agência FAPESP:

O paradigma que tínhamos para o Neoproterozoico era de que não havia quase nada no planeta, apenas uma ou outra espécie de bactéria e protista. Porém, nos últimos 15 anos, foram sendo identificados fósseis de seres unicelulares, eucariontes e heterotróficos [que não produzem o próprio alimento] em diversos lugares diferentes do planeta. (…) Tudo isso se junta ao nosso estudo, que reconstituiu a árvore da vida e, por probabilística, identificou diversas linhagens bem estabelecidas de ancestrais de amebas, animais, fungos e plantas há 800 milhões de anos. Isso muda muito nosso entendimento sobre como se deu a diversificação da vida na Terra.

Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e autor sênior do artigo, em entrevista à Agência FAPESP

Fóssil de tecameba (esquerda) e ameba tecada (direita) (Imagens: Luana Morais e João Alcino/Agência FAPESP)

Estudo revelou que seres primitivos na Terra eram adaptáveis

Não só mais diversos, mas adaptáveis. Essa foi outra descoberta do estudo sobre os seres que habitavam a Terra há 800 milhões de anos.

A equipe apontou que a diversidade de amebas e ancestrais de plantas, algas, fungos e animais sobreviveram diversos períodos críticos do passado terrestre, como dois eventos de glaciação (há 790 e, depois, há 100 milhões de anos).

Para Lahr, isso mostra um poder de adaptação acima do esperado para esses seres. Uma das adaptações foram das amebas Arcellinida. Há milhões de anos, elas viviam em água salgada e, agora, todas são de água doce.

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Como o estudo foi feito

  • Para chegar nessas conclusões, o estudo traçou uma árvore genealógica de relações de parentesco das tecamebas (Arcellinida);
  • A partir disso, eles conseguiram identificar o passado de plantas, fungos, algas e animais, que antecederam as espécies atuais há milhões de anos;
  • Os insights presentes no artigo foram um resultado desse mapeamento com auxílio de matemática probabilística, que permitiu determinar a morfologia dos seres e compará-los com outros fósseis;
  • A técnica utilizada é chamada single-cell transcriptomics e permite sequenciar todo o transcriptoma de uma única célula. Isso, por sua vez, permite que cientistas voltem nas linhagens evolutivas para entender o passado da Terra.

O post Estudo desafia teorias clássicas sobre passado da Terra apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/08/15/ciencia-e-espaco/estudo-desafia-teorias-classicas-sobre-passado-da-terra/