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O etanol, um dos combustíveis mais utilizados no Brasil, está no centro de uma nova polêmica comercial entre Brasil e Estados Unidos: a possível imposição de tarifas pelo governo Trump. Mas como essa medida pode impactar o bolso do consumidor brasileiro?

A alegação é que a tarifa americana sobre o etanol brasileiro é de 2,5%, enquanto o Brasil cobra 18% dos Estados Unidos. Para entendermos melhor toda essa situação, vamos analisar as possíveis consequências dessa tarifa.

Os impactos da tarifa americana no etanol

Essa questão tem gerado discussões no setor sucroenergético brasileiro, que alega que a medida americana é uma retaliação injustificada. A tarifa americana pode influenciar a escolha do consumidor, tornando a gasolina mais competitiva em relação ao etanol, caso o preço deste último aumente.

Atualmente, a tarifa americana sobre o nosso etanol é de 2,5%. Enquanto isso, o Brasil cobra 18% dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos estão considerando a imposição de tarifas recíprocas sobre o etanol importado do Brasil.
A proposta americana visa igualar essa tarifa, elevando-a para 18% também para o etanol brasileiro, o que pode prejudicar a competitividade do setor sucroenergético do Nordeste brasileiro.
Essa região é particularmente vulnerável, pois abriga mais de 250 mil empregos diretos e indiretos na indústria da cana-de-açúcar e depende fortemente da exportação de etanol para os EUA.
Vale ressaltar que a participação do etanol brasileiro no mercado americano é de apenas 6% da produção total do Brasil.

O uso do etanol como combustível no Brasil se iniciou no começo do século XX e se intensificou nas décadas de 1970 e 1980 com o Proálcool, programa governamental que incentivava a produção e o consumo de etanol como alternativa à gasolina. (Crédito: CHAI UM-IM/Shutterstock)

Impacto no preço e produção de etanol

Uma das principais preocupações é o impacto da tarifa americana no preço do etanol no Brasil. Com a redução das exportações para os EUA, é possível acontecer um aumento da oferta de etanol no mercado interno, o que poderia levar a uma queda nos preços.

Essa queda, porém, pode ser prejudicial para os produtores de etanol, que teriam dificuldades em manter a rentabilidade.

Por outro lado, a tarifa americana também pode pressionar a inflação nos EUA, o que poderia levar a um aumento no preço do etanol importado pelo Brasil. Esse aumento poderia ser repassado para o consumidor brasileiro, elevando o preço do etanol nos postos.

UNICA e Bioenergia Brasil, *entidades do setor sucroenergético no Brasil,* lamentaram a decisão do governo americano e afirmaram que a medida representa um retrocesso na luta contra as mudanças climáticas.(Imagem: Shutterstock/ThamKC)

A tarifa americana também pode influenciar a produção de etanol no Brasil. Com a redução da demanda externa, é possível que a produção de etanol caia, o que poderia impactar negativamente a economia brasileira, especialmente em regiões que dependem da produção de cana-de-açúcar.

No entanto, a diversificação de mercados para o etanol brasileiro pode minimizar esse impacto. O Brasil pode buscar novos compradores para o etanol, como países da Ásia e Europa, reduzindo a dependência do mercado americano e, consequentemente, os impactos negativos da tarifa.

O governo brasileiro tem se posicionado diplomaticamente, buscando uma solução que não prejudique o consumidor e o setor produtor. No entanto, o resultado dessa disputa comercial ainda é incerto. O Olhar Digital continuará acompanhando de perto esse caso e trará novas informações sobre os impactos para o consumidor brasileiro assim que houver novidades.

O que é etanol e como ele é usado no Brasil?

O etanol, também conhecido como álcool etílico, é uma substância orgânica obtida através da fermentação de açúcares.
No Brasil, a principal matéria-prima para a produção de etanol é a cana-de-açúcar, mas também pode ser produzido a partir do milho.
O etanol possui diversas aplicações, desde a fabricação de bebidas alcoólicas e produtos de limpeza até a indústria farmacêutica.
No entanto, seu principal uso no Brasil é como combustível automotivo.
Atualmente, a maioria dos carros brasileiros são flex, ou seja, podem utilizar gasolina, etanol ou a mistura de ambos em qualquer proporção.
O consumo de etanol no Brasil tem apresentado crescimento nos últimos anos.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o consumo de etanol hidratado cresceu em fevereiro de 2025, enquanto o consumo de gasolina diminuiu.
Esse aumento pode ser atribuído a diversos fatores, como a diferença de preço em relação à gasolina.
Em relação à produção, o Brasil alcançou a maior produção de etanol da história em 2020.
O país é um dos maiores produtores e exportadores de etanol do mundo, com uma produção diversificada entre etanol anidro e hidratado.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que a produção de etanol no Brasil tem se mantido estável nos últimos anos, com pequenas variações devido a fatores climáticos e econômicos.