9 de setembro de 2025
Projeto inédito vai transformar água do Pacífico em potável
Compartilhe:

Todos os anos, entre dezembro e abril, um evento conhecido como ressurgência – reposição de águas frias e ricas em nutrientes no Golfo do Panamá. Este ano, porém, ela não aconteceu, e, segundo estudo citado pelo IFLScience, isso pode ter um impacto catastrófico.

De acordo com o Smithsonian Tropical Research Institute, a ressurgência acontece quando ventos fortes alísios do norte empurram as águas superficiais para longe da costa. Isso faz com que a água profunda suba para compensar, trazendo nutrientes, como nitratos e fosfatos.

Fenômeno ajuda a manter as temperaturas mais amenas na região, protegendo os recifes de corais contra o calor no verão. Crédito: Enessa Varnaeva/Shutterstock

La Niña pode ter uma parcela de culpa

Os pesquisadores acreditam que o fenômeno La Niña, que apareceu pela última vez em dezembro de 2024, pode ter ajudado a causar essa situação. Ele afeta uma região próxima ao equador, onde os ventos alísios se encontram, chamada Zona de Convergência Intertropical.

Mas os cientistas alertam que a forma exata como isso acontece ainda não está clara e que serão necessários mais estudos para entender melhor. Mesmo sem compreender totalmente a causa, eles sabem que o impacto será significativo.

Impactos socioeconômicos e ecológicos

  • A ressurgência aumenta os nutrientes na água, alimentando o fitoplâncton, base da cadeia alimentar oceânica.
  • Sustenta peixes, aves e mamíferos marinhos, garantindo a saúde dos ecossistemas.
  • Protege recifes de corais contra o estresse térmico.
  • Ajuda a manter o litoral do Panamá mais fresco durante o verão.
  • Sustenta comunidades pesqueiras ao longo da costa panamenha.
  • Qualquer falha no fenômeno pode afetar a pesca e a economia local, mostrando a ligação entre ecossistemas saudáveis e a vida humana.
A ressurgência garante acesso farto aos nutrientes para peixes e outros animais marinhos, contribuindo para o sustento das comunidades pesqueiras. Crédito: marcellosokal/Pixabay

Esse movimento de ressurgência, além de manter o equilíbrio ecológico, reforça como mudanças climáticas podem ter consequências diretas na vida das pessoas que dependem desses recursos naturais, preparando o terreno para as observações do estudo.

Fenômeno sustenta a pesca e protege recifes de corais

No artigo publicado na revista PNAS, os pesquisadores do Smithsonian sugerem que a falta de ventos foi responsável pela anomalia neste ano, deixando claro como as mudanças climáticas estão alterando os processos oceânicos que “sustentam comunidades pesqueiras há milhares de anos”.

Leia mais:

  • Mudanças climáticas podem causar colapso nas plantas do mundo
  • Sistema termal gigante é encontrado nas profundezas do Pacífico – conheça Kunlun
  • Perfuração no fundo do oceano pretende revelar segredos sobre megaterremotos 

É exatamente esse evento sazonal que alimenta o crescimento do fitoplâncton, plantas que sustentam toda a cadeia alimentar oceânica, garantindo a alimentação de peixes, aves, mamíferos marinhos. Além disso, protege os recifes de corais contra o estresse térmico e ajuda a manter o litoral do Panamá mais fresco durante o verão no hemisfério norte, explica estudo do Smithsonian.

Além de proteger os recifes de corais contra o estresse térmico e ajuda a manter o litoral do Panamá mais fresco durante o verão no hemisfério norte. Crédito: Alfredo Maiquez/Shutterstock

A descoberta também demonstra como esses ecossistemas são vulneráveis e mal monitorados, alertando para a necessidade urgente de fortalecer esse monitoramento e a previsão do clima nas regiões tropicais do planeta.

“Se o evento de 2025 sinaliza a primeira de futuras ressurgências fracassadas, isso justifica uma investigação por meio de monitoramento aprimorado, modelagem preditiva e pesquisa direcionada sobre as interações entre oceanografia, ecologia e dependência de recursos humanos em sistemas de ressurgência tropical”, finaliza o estudo.

O post Fenômeno crucial para a vida marinha não ocorre pela primeira vez em 40 anos apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/09/ciencia-e-espaco/fenomeno-crucial-para-a-vida-marinha-nao-ocorre-pela-primeira-vez-em-40-anos/