
Uma estatueta de ouro com mais de 2.000 anos, descoberta na região onde a moderna fronteira entre Colômbia e Equador se encontra, revela detalhes impressionantes de uma cultura que prosperou na costa norte do Pacífico sul-americano. A figura de ouro Tumaco-Tolita é uma das mais raras e preciosas evidências dessa civilização que desapareceu há cerca de 1.500 anos, mas que deixou legados de extraordinária arte em metal.
A peça, que representa uma pessoa com um “adereço nasal elegante”, faz parte do vasto conjunto de obras criadas pelo povo Tumaco-Tolita, uma cultura sem registros escritos, mas com uma grande habilidade em metalurgia.
Datada de cerca de 1 a 300 d.C., a estatueta possui um significado profundo para os estudiosos, uma vez que nos ajuda a entender melhor os rituais e a organização social de um povo que desapareceu antes da chegada dos europeus. O artefato está atualmente exposto no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York.
O povo Tumaco-Tolita e suas habilidades metálicas
- O povo Tumaco-Tolita, nome dado à cultura tanto na Colômbia quanto no Equador, prosperou em uma região rica em depósitos naturais de ouro e platina, localizada no delta do Rio Cayapas, na fronteira entre os dois países.
- Acredita-se que entre 200 a.C. e 400 d.C., essa sociedade tenha desenvolvido uma das mais refinadas tradições de metalurgia das Américas, sendo habilidosos na criação de figuras humanas e animais, bem como de joias delicadas.
- Eles também estabeleceram grandes praças cercadas por aldeias e montes de terra usados tanto para habitação quanto para enterramentos de elites.
- Com cerca de 22,9 centímetros de altura, a estatueta de ouro encontrada possui algumas características que sugerem que representava uma figura feminina, devido aos detalhes como os seios esculpidos.
- Contudo, a falta de saia torna o gênero da figura ambíguo, pois, embora as saias fossem comuns em imagens femininas, elas não eram imprescindíveis.
- Além disso, a cabeça achatada da figura é um reflexo de uma prática cultural conhecida como modificação do crânio, onde a cabeça dos bebês era amarrada para crescer com uma forma específica, indicando alta posição social.
Significado ritual e função das estátuas
A função exata dessas estatuetas ainda é um mistério. Pesquisadores do Museu Metropolitano, como o especialista Hugo Ikehara-Tsukayama, sugerem que as figuras de ouro eram provavelmente usadas em rituais religiosos, especialmente devido à presença do adereço nasal, que pode ter sido parte de um traje cerimonial.
A ausência dos pés na estatueta indica que ela foi provavelmente feita para ser exibida de alguma forma, possivelmente em cerimônias em que o figurino completo incluía acessórios e objetos nas mãos da estátua.

Mesmo após o desaparecimento dos Tumaco-Tolita, muitos desses artefatos sobreviveram como heranças culturais até o século XVI, quando os conquistadores espanhóis os encontraram e escreveram sobre as figuras de argila e ouro e as joias finamente trabalhadas que os indígenas possuíam. Esse vínculo com o passado revela a longevidade do legado artístico e cultural da região, embora as causas do desaparecimento dos Tumaco-Tolita permaneçam desconhecidas.
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A desaparição da civilização Tumaco-Tolita
Por volta de 500 d.C., as áreas ao redor da ilha fluvial de La Tolita foram gradualmente abandonadas, e os Tumaco-Tolita aparentemente se dispersaram, deixando para trás apenas vestígios de sua existência e uma vasta herança cultural.
O declínio dessa civilização é ainda um tema de debate, com algumas teorias sugerindo mudanças climáticas ou movimentos de outras culturas como possíveis causas.
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