
Golpes com uso de fotos e dados biométricos vêm se tornando cada vez mais frequentes no Brasil, com foco especial em pessoas idosas. Criminosos utilizam imagens faciais para simular a presença da vítima em sistemas digitais de instituições financeiras, conseguindo assim contratar empréstimos em nome de terceiros. A prática preocupa especialistas e levanta dúvidas sobre a eficácia dos sistemas de autenticação por imagem.
Segundo reportagem do Jornal Nacional, a coleta de dados geralmente acontece de forma discreta. Em muitos casos, golpistas abordam aposentados oferecendo benefícios como cestas básicas ou assistência social e, durante a interação, solicitam fotos do rosto e imagens de documentos. A promessa de ajuda se transforma, na prática, em autorização involuntária para operações financeiras. A vítima só descobre o golpe quando começam os descontos indevidos em sua aposentadoria.
Impressão facial: como o golpe é viabilizado
O reconhecimento facial, recurso usado como método de segurança em diversos serviços digitais, pode ser explorado como ferramenta de fraude. Basta uma imagem com boa resolução, capaz de destacar ao menos 80 pontos específicos do rosto — como largura da boca, distância entre as orelhas e profundidade dos olhos — para que o sistema seja enganado. Esse conjunto de dados forma a chamada “impressão facial”, espécie de assinatura biométrica digital.
Especialistas explicam que a imagem do rosto passou a ter valor semelhante ao da assinatura física, especialmente entre usuários que não estão familiarizados com operações online. “Hoje, o reconhecimento facial é correspondente ao que antigamente era a assinatura”, afirmou ao JN o especialista em proteção de dados Luiz Rodrigo Tozzi. Muitos idosos, acostumados ao atendimento presencial em bancos, desconhecem os riscos de autorizar o uso de sua imagem em ambientes digitais.

Como identificar tentativas de fraude com fotos
Alguns sinais podem indicar que a imagem de uma pessoa está sendo usada indevidamente. Tentativas insistentes de registrar uma boa foto, pedidos para retirar óculos ou acessórios e orientações para manter o rosto parado e sério são indícios comuns. As fotos tiradas para cadastro em portarias de edifícios, por exemplo, também são capturadas com boa qualidade e podem ser usadas em sistemas de reconhecimento facial.
Para evitar ser vítima de golpes desse tipo, especialistas orientam a:
- Evitar fotos muito próximas do rosto, principalmente em locais públicos;
- Desconfiar de insistência para conseguir uma imagem clara ou com boa iluminação;
- Manter acessórios como bonés ou óculos, que dificultam a leitura biométrica.

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Especialistas pedem regulação e mais proteção
As fraudes envolvendo reconhecimento facial expõem a necessidade de melhorias na regulação e no desenvolvimento das tecnologias de autenticação. O professor João Victor Archegas, coordenador do Instituto Tecnologia e Sociedade, disse ao JN que é preciso que bancos, empresas de tecnologia e o governo colaborem para tornar os sistemas mais robustos e proteger os consumidores.
De acordo com a Febraban, o setor bancário investe cerca de R$ 5 bilhões por ano em segurança cibernética e atua em parceria com a Polícia Federal, a Anatel e o Ministério da Justiça no combate a esse tipo de crime. Ainda assim, casos continuam a surgir, indicando que os mecanismos atuais não são suficientes para impedir que dados biométricos sejam usados de forma indevida.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/07/02/seguranca/fraude-com-biometria-facial-atinge-aposentados-no-brasil/