O uso de gasolina com chumbo, iniciado em 1923, trouxe graves consequências para a saúde humana, principalmente no que diz respeito à saúde mental. Um estudo recente estimou que a exposição ao gás tóxico proveniente do combustível durante a infância alterou o equilíbrio da saúde mental de gerações de americanos, resultando em um aumento significativo nos casos de distúrbios psiquiátricos, como depressão, ansiedade e transtornos de atenção e hiperatividade.
De acordo com a pesquisa, cerca de 151 milhões de casos de distúrbios psiquiátricos ao longo dos últimos 75 anos podem ser atribuídos à exposição das crianças americanas ao chumbo.
O estudo foi publicado no Journal of Child Psychology and Psychiatry e aponta que as gerações nascidas antes de 1996, especialmente as expostas durante as décadas de 1960 e 1970, enfrentaram taxas mais altas de problemas de saúde mental, cujos efeitos podem ter alterado suas personalidades, afetando seu sucesso e resiliência ao longo da vida.
O impacto do chumbo na saúde mental
A pesquisa, intitulada Contribuição da Exposição ao Chumbo na Infância para a Psicopatologia na População dos EUA nos Últimos 75 Anos (em tradução livre), foi publicada no Journal of Child Psychology and Psychiatry. O estudo estima que os efeitos da exposição ao chumbo alteraram o equilíbrio da saúde mental da população dos Estados Unidos, resultando em uma maior prevalência de condições como depressão, ansiedade e transtornos de atenção ou hiperatividade.
Aaron Reuben, pós-doutorando em neuropsicologia na Universidade Duke e um dos autores do estudo, disse ao Medical Xpress que as gerações nascidas antes de 1996 sofreram de forma significativa com os efeitos do chumbo.
Aqueles expostos principalmente durante os picos do uso da gasolina com chumbo nas décadas de 1960 e 1970 enfrentaram taxas mais altas de problemas mentais, com impactos que poderiam ter alterado suas personalidades e prejudicado seu sucesso e resiliência ao longo da vida.
A exposição ao chumbo e seus efeitos
- O chumbo é um metal altamente neurotóxico, capaz de danificar células cerebrais e afetar o funcionamento do cérebro.
- Mesmo em níveis baixos, sua presença no organismo pode resultar em sérios prejuízos no desenvolvimento mental das crianças.
- Para os especialistas, não existe um nível seguro de exposição ao chumbo, sendo que os efeitos negativos são amplificados durante a infância, quando o cérebro está em desenvolvimento.
- Em razão disso, a exposição ao chumbo nos primeiros anos de vida pode ter consequências duradouras para a saúde mental.
- Embora a gasolina com chumbo tenha sido banida nos Estados Unidos em 1996, os efeitos dessa substância continuam a afetar a saúde pública.
- Além disso, o sistema de água de algumas cidades americanas ainda contém canos de chumbo, o que contribui para a manutenção do risco de exposição.
O uso da gasolina com chumbo e seus efeitos a longo prazo
O estudo utilizou dados históricos sobre os níveis de chumbo no sangue das crianças americanas, o uso de gasolina com chumbo e estatísticas populacionais para estimar os danos à saúde mental e personalidade ao longo das décadas.
As estimativas indicam que mais de 170 milhões de americanos (mais da metade da população) estavam expostos a níveis perigosos de chumbo na infância, o que provavelmente resultou em menor desempenho cognitivo e maior incidência de problemas psiquiátricos, como depressão e transtornos de ansiedade.
Nos últimos 100 anos, o chumbo foi usado em uma variedade de produtos, incluindo tintas, encanamentos, soldas e, de forma mais devastadora, na gasolina. Isso gerou problemas de saúde mental e de desenvolvimento cognitivo.
Michael McFarland, professor de sociologia da Universidade Estadual da Flórida e coautor do estudo
A Geração X é a mais afetada
A pesquisa aponta que a geração mais afetada foi a Geração X, nascida entre 1965 e 1980, período em que o uso de gasolina com chumbo atingiu seu pico. Esses indivíduos foram expostos a níveis elevados do metal tóxico, o que resultou em perdas significativas na saúde mental.
Essa geração foi a mais afetada pelos impactos negativos do chumbo, que prejudicaram seu desempenho cognitivo e aumentaram as taxas de transtornos psiquiátricos.
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O legado da exposição ao chumbo e os desafios futuros
Os pesquisadores alertam para a importância de entender como a exposição ao chumbo, mesmo de forma indireta e em níveis mais baixos, continua a impactar a saúde mental de gerações posteriores. Para o futuro, o objetivo é evitar novas exposições ao chumbo, protegendo as crianças de hoje contra os perigos desse metal tóxico.
Em 2015, mais de 170 milhões de americanos tinham níveis preocupantes de chumbo no sangue devido à exposição durante a infância. A EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA) já tomou medidas para reduzir esse risco, incluindo a regulamentação que exige a substituição de canos de chumbo em cidades com infraestrutura mais antiga e a redução dos níveis de chumbo no solo.
Essas ações visam mitigar os efeitos do chumbo nas gerações futuras e prevenir problemas de saúde relacionados ao metal pesado.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/04/medicina-e-saude/gasolina-com-chumbo-causou-151-milhoes-de-casos-psiquiatricos-nos-eua/