7 de setembro de 2025
Tempestade de granizo no Canadá deixa marca visível do espaço
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O gelo é muito presente no cotidiano das pessoas. Ele pode vir por meio da água colocada em pequenos recipientes no refrigerador, geleiras gigantes ou no efeito de uma nevasca que deixa ruas e estradas com uma fina camada de água congelada. Além disso, ele conta com propriedades que vão desde a expansão ao congelar até a absorção de uma quantidade enorme de calor antes de derreter.

Agora, um estudo liderado pelo Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia (ICN2) da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) chegou a um resultado impressionante: o gelo também pode gerar energia. A equipe determinou que isso é possível por meio de dois métodos diferentes.

Experimento mostrou que dobrar gelo gera eletricidade.(Imagem: Instituto Catalão de Nanociência e Nanotecnologia / divulgação)

Formato irregular do gelo permite a geração de eletricidade

No estudo, publicado na Nature Physics, a equipe do UAB, junto com pesquisadores da Universidade XI’an Jiatong, da China, e da Universidade Stony Brook, de Nova York (EUA), conseguiu demonstrar pela primeira vez que o gelo é um material flexoelétrico. Ou seja, ele pode gerar eletricidade quando pressionado ou deformado.

“Descobrimos que o gelo gera carga elétrica em resposta ao estresse mecânico em todas as temperaturas”, explica o Dr. Xin Wen, membro do Grupo de Nanifísica de Óxidos do ICN2 e um dos pesquisadores do estudo.

Isso quer dizer que a superfície do gelo pode criar uma carga elétrica natural e que pode até ser invertida, funcionando de forma parecida com o polo de um ímã. Por isso, o gelo consegue produzir eletricidade de duas formas diferentes:

  • A ferroeletricidade, que aparece em temperaturas muito baixas;
  • E a flexoeletricidade, que acontece em temperaturas próximas de 0 °C.

Assim, o gelo se comporta de forma parecida com alguns materiais usados pela indústria, como o dióxido de titânio, encontrado em sensores e capacitores.

A equipe da ICN2 notou que para isso ocorrer, no lugar de comprimir o gelo, ele precisa ser dobrado. Assim, produz uma deformação, chamada gradiente de deformação, em que um lado do gelo é comprimido e o outro esticado, causando a separação das cargas positivas e negativas.

Imagem de nuvens e raios durante tempestade a noite
Descoberta permitiu que os pesquisadores entendessem o que acontece durante as tempestadas, na origem dos raios (Crédito: Triff/Shutterstock)

Descoberta tem relação com as tempestades de raios

O mais interessante é que a descoberta não tem efeito apenas acadêmico, mas permite que os pesquisadores façam uma correlação com o que acontece durante as tempestades, na origem dos raios.

Como os raios são formados devido ao acúmulo de eletricidade nas nuvens geradas pelas colisões entre partículas de gelo, que se tornam eletricamente carregadas, esse acúmulo de energia, então, é liberado em forma de raio.

No entanto, até então, o mecanismo por trás da formação dos raios ainda não era desconhecido, já que a carga não é gerada apenas com a colisão das partículas de gelo. Agora, o estudo mostrou que, quando o gelo é submetido a deformações não homogêneas, ele se torna eletricamente carregado.

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Durante nossa pesquisa, medimos o potencial elétrico gerado pela flexão de uma placa de gelo. Os resultados correspondem aos observados em colisões de partículas de gelo em tempestades.

Gustau Catalán, professor do ICREA e líder do Grupo de Nanofísica de Óxidos do ICN2, ao Phys.org.

Apesar de não ser possível discutir possíveis soluções atualmente, a descoberta pode favorecer o desenvolvimento de dispositivos eletrônicos que utilizam o gelo como gerador de energia.

O post Gelo tem propriedade ‘escondida’: ele pode gerar eletricidade apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/09/07/ciencia-e-espaco/gelo-tem-propriedade-escondida-ele-pode-gerar-eletricidade/