
A era da comercialização do espaço está prestes a ganhar um marco histórico. Enquanto a Estação Espacial Internacional (ISS) se aproxima do fim de sua operação, previsto para cerca de 2030, a NASA já trabalha com empresas privadas para criar uma substituta comercial. O objetivo é que companhias selecionadas possam realizar demonstrações em órbita, incluindo missões tripuladas de até 30 dias, e futuramente fornecer serviços de estação espacial sob contrato.
Entre os projetos em andamento está a Haven-1, desenvolvida pela empresa americana Vast em parceria com a SpaceX, que promete ser a primeira estação espacial comercial do mundo. A previsão de lançamento é para maio de 2026, com a missão inicial voltada para quatro astronautas em viagens de duas semanas, totalizando quatro missões nos primeiros três anos.
Estrutura e funcionalidades da Haven-1
A Haven-1 possui um único módulo, com diâmetro de 4,4 metros e volume habitável de 45 metros cúbicos — cerca de 1/8 do espaço disponível na ISS. A estação contará com janela em cúpula de 1,2 metro, mesa comunitária retrátil, dormitórios privados para cada tripulante e conexão de internet via Starlink. O lançamento será feito pelo foguete Falcon 9, da SpaceX, enquanto o transporte da tripulação será realizado com a nave Crew Dragon.
Segundo Max Haot, CEO da Vast, o projeto “não é um hotel de luxo, mas acreditamos que, em qualquer ambiente, se você se sente melhor, consegue descansar e se comunicar melhor, também trabalha melhor”. Desde o anúncio do projeto em 2023, a empresa passou de 200 para 950 funcionários, e investiu em infraestrutura própria capaz de produzir não apenas a Haven-1, mas também módulos futuros da Haven-2, potencial sucessor da ISS.

Pesquisa científica e parcerias comerciais
O laboratório a bordo da Haven-1 será voltado a pesquisas em microgravidade e fabricação tecnológica, incluindo semicondutores. Entre os parceiros comerciais está a empresa Redwire Space, que já realizou experimentos na ISS com células-tronco e detecção de câncer. Rich Boling, vice-presidente da Redwire, afirmou que a expectativa é continuar pesquisas e manufatura farmacêutica iniciadas na ISS, embora com limitações de espaço para carga útil.
A Vast planeja oferecer vagas para agências espaciais e indivíduos privados dispostos a pagar valores elevados, desde que estejam preparados para treinamento intensivo e trabalho relevante a bordo. A empresa deve anunciar em breve a tripulação oficial e as atividades detalhadas da missão.

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Competição e cenário de estações comerciais
Além da Vast, outras empresas participam do esforço da NASA, incluindo a Starlab (joint venture da Airbus e Northrop Grumman), Blue Origin, de Jeff Bezos, e a Axiom Space, que em 2022 realizou a primeira missão totalmente privada à ISS. Especialistas destacam que começar com estações menores e modulares é uma estratégia prática para testar sistemas críticos, reduzir complexidade e custos.
Olivier de Weck, do MIT, alerta que operar estações espaciais é caro: a ISS custa cerca de US$ 12 milhões por dia, metade desse valor apenas para transporte de tripulação e carga. Para um futuro comercial, os custos anuais precisariam ficar entre US$ 1 e 2 bilhões, menos da metade da ISS. A Vast não revelou o custo operacional, mas estima investir aproximadamente US$ 1 bilhão até o lançamento da Haven-1, com capital privado e receita de clientes.
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