23 de novembro de 2024
Henges: o que são e por qual razão foram construídos?
Compartilhe:

Será que você saberia definir o que é um henge? Muita gente pode imaginá-lo como o Stonehenge, até porque a palavra henge está no nome do monumento, mas ele não é bem isso. A palavra “henge” vem do inglês antigo e, em português, significa “pendurar”. Ou seja, “Stonehenge” era chamado de “pedras suspensas” em inglês (“stone” = “pedra” e “henge” = “pendurar”).

O termo foi cunhado pelo curador do Museu Britânico, Thomas Kendrick, utilizando-o em 1932 para definir um tipo de sítio (provisoriamente). Kendrick definia um henge como um monumento pré-histórico circular ou oval, que usava valas e margens de solo para anexar locais sagrados, só que esta definição exclui o Stonehenge, que seria mais um “proto-henge”, pois sua vala principal é externa à sua margem principal, destaca o IFLScience.

Leia mais:

O que é um henge?

  • De uma forma geral, os henges têm calçadas que dão acesso a seu interior;
  • Por vezes, eles possuem um ponto de entrada (henges de Classe I), outros possuem duas (Classe II) e chegam a quatro (Classe III) dessas vias de acesso à terraplanagem;
  • Como tais valas eram rasas e localizadas dentro das margens elevadas, pesquisadores creem ser improvável que os henges tenham sido utilizado para fins defensivos.

Ou seja, ele se define por sua estrutura de terraplanagem, e não por quaisquer características particulares em seu centro. Como tal, um henge não tem, todas às vezes, pedras dispostas em seu centro.

Por vezes, até existem coisas lá, como postes de madeira, monólitos, fossos, postes, enseadas, sepulturas, montes centrais, estacas e mais.

Como boa parte dos henges são identificados via trabalho de campo ou imagens aéreas de marcas de colheita, é comum serem confundidos com monumentos pré-históricos, tais como marcos circulares, cemitérios circulares fechados, túmulos, assentamentos fechados, estações de sinalização romanas ou anfiteatros.

Da mesma forma, um círculo de pedras monolíticas também não é, necessariamente, um henge; elas são muito mais comuns e encontradas em todo o planeta.

Todavia, existem subtipos de henge. Temos as “mini-henges”, que são “monumento hengiformes”, com diâmetro interno de 15 a 20 metros ou menos. Há também os “recintos henge”, muito maiores que os normais (chegam a 300 metros).

Atualmente, sua definição e seu valor para demarcar um tipo de estrutura é muito debatida nos círculos acadêmicos, pois, com o passar dos anos, a classificação foi ampliada com vistas a incluir locais incomuns com características que não correspondem à intenção original. Dessa forma, a definição explicada pelo IFLScience é bem básica.

Origem

Enquanto sua constituição é meio confusa, sua origem é… igualmente confusa. Tais monumentos são incrivelmente difíceis de serem datados. Os primeiros tipos surgem ao menos por volta de 3.000 a.C., mas os maiores, possivelmente, foram criados mais tarde, em torno de 2.800 e 2.200 a.C.

Henges e outros círculos seguiram sendo construídos durante o período e no começo da Idade do Bronze, mas os sítios maiores já tinham sido abandonados a essa altura.

Contudo, existem estruturas mais antigas. As chamadas pedras eretas, ainda mais difíceis de datar, podendo ter origens em meados do período Neolítico, com postes perto de Stonehenge que podem datar de 8.000 a.C.

As razões para sua construção também são imprecisas. Contudo, ao contrário do que muitos pensam, nem os henges e nem Stonehenge têm a ver com os Druidas – pelo menos, não há provas concretas disso.

O pensamento atual é que esses lugares fossem espaços cerimoniais. É possível que os arranjos de terraplanagem tenham marcado áreas determinadas para pessoas específicas ou para os espíritos.

Também podem ter sido locais de rituais, com dança, bebidas, banquetes, sacrifícios e ritos funerários. Mas, novamente, não há evidências de que os sacrifícios fossem “regados” a humanos como oferendas, salvo o Woodhenge alemão.

Há quem especule também que eles podem ter sido utilizados para fins judiciários, locais de comércio, ou, ainda, observação astronômica.

Exemplos

O IFLScience trouxe alguns exemplos do que a ciência aceita como henges nas Ilhas Britânicas. Um dos maiores deles se encontra em Avebury, Wiltshire. Ele foi construído durante o Neolítico e alterado com o passar do tempo.

Ele é enorme, circundando área que inclui, ainda, parte da vila de Avebury. Ele abrange o maior círculo de pedras do Reino Unido, originalmente com 100 pedras, que eram cercadas por dois círculos de pedra menores.

Henge de Avebury (Imagem: Reimar/Shutterstock)

Outro bom exemplo, mas menos impactante, é o de Mayburgh, Cumbria. Localiza-se perto de uma autoestrada e tem área central de cerca de 100 metros de diâmetro e rodeado por grande margem constituída por seixos fluviais. Algumas partes desse banco chegam a quase três metros de altura. Além disso, esse henge não possui vala circundante, mas, sim, uma grande pedra única no centro.

Henge de Mayburgh (Imagem: Jacqueline Glynn/Shutterstock)

Há, ainda, estruturas do Anel de Brogdar, em Orkney (Escócia), onde há um henge e um círculo de pedras. Ele faz parte do Patrimônio Mundial da UNESCO, conhecido como Coração do Neolítico Orkney.

Esse é o único henge com círculo de pedras na Grã-Bretanha e é quase perfeitamente redondo. Quando criado, havia em torno de 60 pedras no espaço, mas hoje só restam 36. Há também 13 túmulos pré-históricos lá.

Henge dos Anéis de Brogdar, na Escócia (Imagem: Juris Kraulis/Shutterstock)

O post Henges: o que são e por qual razão foram construídos? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/12/ciencia-e-espaco/henges-o-que-sao-e-por-qual-razao-foram-construidos/