20 de setembro de 2024
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Arqueólogos estão em um debate ferrenho se a espécie Homo erecuts, a primeira do gênero Homo, tinha uma linguagem. Alguns deles acreditam que membros da espécie chegaram em ilhas distantes de onde viviam construindo barcos e navegando pelo oceano, o que exigia uma língua em comum para se comunicarem entre si. Já outros dizem que não é possível provar isso.

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Homo erectus

Primeiro, vamos contextualizar.

Os Homo erectus são uma espécie que viveu na África e, posteriormente, se espalhou pela Eurásia entre 1,8 milhão e 200 mil anos. Eles estão entre os primeiros membros reconhecíveis do gênero Homo e evoluíram para dar origem a outras espécies.

Recentemente, arqueólogos estão discutindo se esses ancestrais tinham ou não uma linguagem devido aos achados em ilhas distantes de onde eles viveram, como Creta, na Grécia, e a ilha Flores, na Indonésia. Isso sugere que eles construíram barcos e aprenderam a navegar, o que indica uma comunicação efetiva entre eles.

(Alessandro Di Lorenzo/Olhar Digital/DALL-E)

Acadêmico discorda dessa hipótese

Para o professor de linguística Rudolf Botha, da Universidade de Stellenbosch (África do Sul), em uma nova análise, a teoria de que os Homo erectus tinham linguagem por causa dos achados em locais remotos não se sustenta.

Vamos a alguns pontos de discordância de Botha:

  • Para começar, o professor não acredita que os achados em Creta tenham sido dos Homo erectus. Tratam-se de ferramentas de pedra pré-históricas atribuídas à espécie, mas, segundo ele, podem ter sido feitas por outros povos antigos, como os Neandertais;
  • Já em Flores, restos humanos encontrados também foram atribuídos ao H. erectus, sugerindo a presença deles no local e motivando as teorias sobre a linguagem;
  • No entanto, os fósseis podem ter pertencido a descendentes da espécie, como o Homo floresiensis, Homo habilis ou o Australopithecus;
  • Ou seja, para ele, não é possível confirmar que os Homo erecuts um dia realmente já estiveram nessas ilhas;
  • Mesmo que o tenham feito, Botha diz que pode ter sido algo não intencional, não necessariamente o resultado da construção de barcos e conhecimento de navegação. Um exemplo dado por ele é do uso de jangadas naturais feitas de vegetação local.
As ferramentas provavelmente foram produzidas pelos Homo erectus (Crédito: Puwadol Jaturawutthichai/Shutterstock.com, Roman Garba)
Ferramentas produzidas pelos Homo erectus (Crédito: Puwadol Jaturawutthichai/Shutterstock.com, Roman Garba)

Homo erectus tinha linguagem?

Ao final, a resposta de Botha é que não há evidências suficientes para provar que a movimentação da espécie foi voluntária (se sequer ocorreu). Portante, a teoria de que a construção de barcos e o conhecimento de navegação indica uma linguagem avançada não se sustenta.

No entanto, é inegável que a espécie conseguia se comunicar entre si de outras formas que não uma língua oficial. Segundo o IFLScience, uma das pistas disso são as ferramentas simétricas construídas pela espécie, que indica uma concordância entre eles.

O post Homo erectus tinha uma língua própria? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/19/ciencia-e-espaco/homo-erectus-tinha-uma-lingua-propria/