22 de janeiro de 2025
Influência de gigante cósmico pode ter “bagunçado” o Sistema Solar
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As órbitas dos planetas do Sistema Solar não são perfeitamente alinhadas nem exatamente circulares. E essa configuração intrigante, com inclinações e excentricidades leves, tem despertado o interesse de cientistas. 

Uma nova hipótese sugere que um objeto massivo pode ter atravessado o Sistema Solar em seus primeiros estágios de formação, alterando as órbitas planetárias antes de desaparecer no espaço.

Um objeto massivo pode ter atravessado o Sistema Solar em seus primeiros estágios de formação, alterando as órbitas planetárias. Crédito: Vadim Sadovski – Shutterstock

Apresentada em um artigo disponível no repositório de pré-impressão online arXiv.org, pelos físicos Garett Brown e Hanno Rein, da Universidade de Toronto, no Canadá, em colaboração com a cientista planetária Renu Malhotra, da Universidade do Arizona, nos EUA, indica que a passagem desse intruso cósmico deixou marcas duradouras no disco planetário. 

Embora a probabilidade de tal evento seja estimada em cerca de 1 em 1.000, os pesquisadores consideram a hipótese relevante, especialmente se novas evidências surgirem para complementar a proposta.

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Objetos interestelares costumam “invadir” o Sistema Solar

Eventos como esses não são incomuns. O asteroide interestelar Oumuamua, por exemplo, atravessou o Sistema Solar em 2017, demonstrando que objetos externos podem ocasionalmente se aproximar do Sol. No entanto, os cientistas exploram a possibilidade de que algo muito maior que esse famoso corpo celeste tenha influenciado as órbitas planetárias.

Uma interpretação artística do estranho formato de charuto do 'Oumuamua
O objeto interestelar Oumuamua foi flagrado vagando pelo Sistema Solar em 2017. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Simulações realizadas pelos pesquisadores indicam que um objeto entre duas e 50 vezes a massa de Júpiter, movendo-se a uma velocidade que permitisse escapar do Sistema Solar, poderia causar os desalinhamentos observados. O cenário mais compatível com as órbitas atuais envolve um corpo cerca de 8 vezes mais massivo que o gigante gasoso, passando próximo à órbita de Marte a uma velocidade de 2,69 km/s.

Ao testar 50 mil variações em seus modelos, os cientistas concluíram que, em raros casos (cerca de 2%), um evento como esse poderia até ejetar um dos planetas do Sistema Solar em um prazo de 20 milhões de anos. Na maioria das situações, no entanto, as órbitas dos planetas internos permaneceriam relativamente estáveis, ainda que ligeiramente alteradas.

Embora improvável, a possibilidade de encontros cósmicos assim não é desprezível. A Via Láctea está repleta de aglomerados estelares e objetos errantes, como planetas solitários, que poderiam passar próximos ao nosso Sistema Solar. 

Atualmente, a estrela mais próxima do Sol está a mais de quatro anos-luz de distância, mas o movimento galáctico natural pode aproximar outras estrelas ou objetos massivos no futuro. Isso significa que, embora hoje o nosso “bairro cósmico” pareça relativamente estável, sua configuração pode mudar dramaticamente com o tempo.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/22/ciencia-e-espaco/influencia-de-gigante-cosmico-pode-ter-baguncado-o-sistema-solar/