Arqueólogos podem estar perto de chegar a um consenso quanto às origens históricas do clássico e histórico poema “Odisseia“, escrito por Homero. A descoberta de inscrições gregas antigas também revelam um santuário de veneração ao homem que pode ter sido inspiração para Odisseu, protagonista do poema épico.
Uma escavação realizada no sítio conhecido como Escola de Homero, na parte norte da ilha de Ítaca, encontrou uma rara cisterna subterrânea datada dos séculos XIV a XIII a.C., durante o período palaciano micênico, segundo o Ministério da Cultura da Grécia.
O assentamento é um dos oito sítios que, provavelmente, funcionavam para a supervisão dos portos e terras e para proteção e gestão dos recursos hídricos da região. E toda essa rede parece definir a área principal do centro urbano descrito em “Odisseia”.
O sítio arqueológico tem, como núcleo, uma grande formação rochosa, na encosta oriental de Exogi, em área com nascentes de água. As antiguidades escavadas estão localizadas em dois terraços, conectados por duas escadarias esculpidas.
Veneração a Odisseu em “Odisseia”
- A existência de Odisseu ainda é alvo de debate, mas a descoberta de duas inscrições helenísticas apontam para a importância da figura mitológica e sua veneração local;
- A primeira é ΟΔΥCCEOC, o caso genitivo grego de Odisseu, fazendo referência ao local como um palácio ou templo do herói. A segunda é ΟΔΥCCEI, encontrada em uma dedicatória possivelmente criada por um peregrino visitante;
- A interpretação foi feita com base em achados da escavação de W. Vollgraff, em 1904, que datam do período romano tardio, incluindo um busto de bronze em miniatura com as características de Odisseu, além de moedas de bronze de Ítaca dos séculos IV e III a.C;
- Segundo o Ministério da Cultura grego, ambas as inscrições compartilham semelhanças com a gravura descoberta na década de 1930, na caverna da Baía de Polis, que diz “ΕΥΧΗΝ ΟΔΥCCΕΙ“, ou “Obrigado, Odisseu“, o que pode aproximá-lo de “Odisseia”.
“Os dois novos testemunhos epigráficos do mesmo período (ΟδΥΚΕΟΚ e ΟδΥΚΕΙ) para o culto posterior do herói no noroeste de Ítaca, agora vêm, em combinação com outros dados disponíveis, documentar o desenvolvimento de um importante complexo público no local, com um papel importante na vida religiosa, social e, possivelmente, política dos itacianos dos períodos helenístico-romano inicial, mas, também, com caráter de peregrinação mais amplo”, diz o comunicado.
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Outros achados
As evidências mais antigas de atividade humana no local datam do Neolítico Final (final do V/IV milênio a.C.). Entre elas, estão várias dezenas de artefatos de sílex, bem como centenas de fragmentos de cerâmica. Quanto às evidências da Idade do Bronze, várias dezenas de fragmentos de aproximadamente 30 vasos diferentes do final do século XIV e XIII a.C. foram identificados até o momento.
Em termos de épocas históricas, o maior volume de material cerâmico remonta aos períodos helenístico e romano antigo (até o século I/II d.C.). Entre os fragmentos de grandes vasos, foram identificados, até o momento, oito fragmentos de perirantherias, comuns em santuários.
Além de uma infinidade de pequenos objetos, os grupos de achados incluem: um total de 34 fragmentos de oferendas de argila, algumas dezenas de agnithas de argila, um pequeno tesouro de joias de ouro e outros objetos, principalmente de bronze. Mais de 100 moedas de várias cidades (século III a.C. ao século II d.C.) revelam fluxo constante de visitantes ao sítio.
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