10 de dezembro de 2025
James Webb revela a supernova mais antiga já registrada 
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Um artigo publicado nesta terça-feira (9) na revista Astronomy & Astrophysics relata a detecção da supernova mais antiga já registrada, encontrada graças ao Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA. A luz desse fenômeno viajou por 13 bilhões de anos até chegar à Terra, revelando não somente o evento que ocorreu apenas 730 milhões de anos após o Big Bang, como também a galáxia onde a explosão aconteceu.

Em resumo:

  • O Telescópio Espacial James Webb detectou a supernova mais antiga já registrada;
  • Ela estava acompanhada de um raro e poderoso surto de raios gama;
  • Diversos telescópios confirmaram rapidamente a explosão ocorrida bilhões atrás;
  • A expansão cósmica fez o brilho do evento parecer evoluir muito lentamente;
  • O observatório ultramoderno da NASA também identificou a galáxia hospedeira e confirmou a quebra de recordes.

De acordo com um comunicado, a supernova veio acompanhada de uma forte explosão de raios gama, um tipo extremamente raro de evento no início do Universo. Esses surtos surgem quando uma estrela muito massiva colapsa, processo que pode dar origem a um buraco negro. Segundo o pesquisador Andrew Levan, da Universidade Radboud, na Holanda, e da Universidade de Warwick, no Reino Unido, apenas poucos episódios assim foram vistos nos últimos 50 anos.

Ilustração em duas partes representa a supernova GRB 250314A durante a explosão e três meses depois, quando foi observada pelo James Webb. O observatório espacial da NASA confirmou que a supernova ocorreu quando o Universo tinha apenas 730 milhões de anos. Créditos: NASA, ESA, CSA, STScI, Leah Hustak (STScI)

Descoberta de supernova foi em cadeia de observações

A cadeia de descobertas começou em 14 de março, quando o satélite franco-chinês SVOM (sigla para Monitor Espacial de Objetos Astronômicos Variáveis em Múltiplas Bandas) detectou a explosão de raios gama vinda das profundezas do espaço. Noventa minutos depois, o Observatório Swift, da NASA, registrou o mesmo evento em raios X e permitiu identificar sua posição com precisão. 

Onze horas mais tarde, o Telescópio Óptico Nórdico, nas Ilhas Canárias, captou o brilho residual deixado pelo material ejetado da estrela ao se chocar com o gás ao redor. Quatro horas depois, o Very Large Telescope (VLT), no Chile, confirmou o desvio para o vermelho de 7,3 (uma medida que indica que a luz partiu há cerca de 13 bilhões de anos).

Devido à expansão do Universo, o brilho da supernova, catalogado como GRB 250314A, parecia evoluir mais devagar do que realmente aconteceu. Assim, o que normalmente levaria dias para atingir o pico de luminosidade demorou, da nossa perspectiva, três meses e meio. Com essa informação, Levan e sua equipe solicitaram observações rápidas pelo Webb.

Distribuição das explosões de raios gama por distância. As estrelas indicam eventos detectados pelo SVOM com desvio para o vermelho conhecido. Os pentágonos marcam as quatro explosões mais distantes, incluindo a GRB 250314A. Esses eventos estão ligados às primeiras estrelas do Universo. Crédito: SVOM

No dia 1º de julho, o telescópio usou sua câmera infravermelha para registrar diretamente a luz da supernova. Segundo Levan, apenas esse poderoso equipamento tem sensibilidade suficiente para confirmar que esse brilho veio do colapso de uma estrela massiva. O resultado também mostrou que o Webb pode encontrar estrelas individuais de uma época em que o Universo tinha só 5% da idade atual.

O telescópio ainda identificou a galáxia hospedeira da supernova. Embora apareça bastante desfocada, ela se assemelha a outras galáxias que surgiram nesse período primordial, segundo o pesquisador Emeric Le Floc’h, do CEA Paris-Saclay, na França.

O espectro da supernova também lembra o de explosões vistas hoje em dia, embora a estrela tenha surgido em uma era com menos elementos pesados. Estudos adicionais devem revelar diferenças importantes. De qualquer forma, o evento já quebrou recordes: além de ser a supernova mais distante já observada, também é um dos raros surtos de raios gama detectados no primeiro bilhão de anos do Universo.

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Uma equipe internacional de cientistas utilizou o poderoso JWST para monitorar de forma constante a atmosfera de um exoplaneta “Júpiter ultraquente” enquanto ela “vazava” para o espaço. Saiba tudo aqui.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/12/10/ciencia-e-espaco/james-webb-revela-a-supernova-mais-antiga-ja-registrada/