
A identificação de uma grande jazida de terras raras na cratera de um vulcão extinto em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, vem movimentando o setor de mineração no estado. Desde o anúncio do interesse de empresas australianas na exploração da região, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu mais de cem pedidos de autorização para pesquisa desses minerais na área, representando cerca de um terço das autorizações concedidas para todo o estado em 2023 e 2024.
As terras raras, um grupo de 17 minérios de extração complexa, são essenciais para as indústrias de tecnologia e energia, com sua importância geopolítica evidenciada na disputa comercial entre China e Estados Unidos. Recentemente, os EUA manifestaram interesse em firmar acordo com o Brasil para garantir o fornecimento desses minerais.
A importância da jazida em Poços de Caldas
A cratera do vulcão em Poços de Caldas tem cerca de 800 km², abarcando ainda áreas dos municípios de Andradas, Caldas (MG) e Águas da Prata (SP). O solo da região é rico em argila contendo íons de terras raras, posicionando esta jazida como um “unicórnio” da mineração. O termo é usado por especialistas devido à combinação do volume da reserva — capaz de suprir 20% da demanda mundial — e à relativa facilidade de extração, uma vez que os minerais estão localizados próximos à superfície.
Além dos pedidos de pesquisa na cratera, há movimentação para sondagens em municípios vizinhos, como Cabo Verde, Muzambinho, Botelhos, Campestre e Caconde. A hipótese levantada por geólogos é que a lava do vulcão extinto tenha espalhado minerais para essas áreas, ampliando a área potencial para exploração.

Processo de pesquisa e especulação no setor
A autorização para pesquisa mineral é o primeiro passo para obter a concessão de lavra, etapa que permite a extração efetiva. Para obter essa autorização, o interessado precisa cumprir requisitos técnicos, pagar taxas e apresentar relatórios periódicos durante até três anos. Entretanto, apenas uma pequena parcela das autorizações concedidas evolui para a fase de mineração, pois muitos pedidos são abandonados ou protelados.
Uma parcela expressiva dos requerentes de pesquisa atua comercialmente, buscando valorizar e vender os direitos minerais obtidos, como mostra reportagem do g1. Empresas especializadas fazem pesquisas iniciais e negociam áreas com mineradoras que possuem estrutura para o investimento na extração.
Expansão da busca por terras raras em Minas Gerais
Um exemplo desse movimento é a empresa RCO Mineração, que detém autorização para pesquisa em mais de cem áreas em Minas Gerais, Goiás e Bahia.
Recentemente, a empresa descobriu um depósito de terras raras em Turvolândia (MG), a cerca de 40 km da cratera principal de Poços de Caldas. Apesar de pouco mais de 20% da área ter sido pesquisada até o momento, os resultados já atraem interesse de investidores estrangeiros.
Leia mais:
- Flores contaminam abelhas com metais pesados? Entenda
- O que é oxigênio negro?
- Contaminação por mercúrio: o que é e como ocorre?
Empresas locais entram na corrida
No Sul de Minas, empresas mineiras também participam da corrida por terras raras. A Anova, companhia com origem na extração de ferro em Cabo Verde, requereu várias autorizações de pesquisa na região e planeja montar uma planta piloto para iniciar a exploração dos minerais, mesmo diante do interesse estrangeiro por suas áreas.
A repercussão da descoberta tem provocado uma intensa movimentação no setor, com muitos pedidos de pesquisa que podem não avançar para a extração. Este padrão já foi observado em ciclos anteriores da mineração de ouro, ferro e lítio, quando houve especulação por áreas que acabaram paradas.
O post Jazida de terras raras em MG gera mais de 100 pedidos de mineração apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/08/10/ciencia-e-espaco/jazida-de-terras-raras-em-mg-gera-mais-de-100-pedidos-de-mineracao/