
Pesquisadores analisaram amostras coletadas pela missão chinesa Chang’e 6 e revelaram informações importantes sobre a história da Lua. O satélite natural da Terra pode ter sido coberto por um oceano de magma durante sua formação.
A missão, lançada em maio de 2024, pousou no Polo Sul lunar, na região conhecida como lado oculto da Lua. Ela retornou com cerca de 2 quilos de amostras inéditas para estudos.
Cientistas da Academia de Ciências Geológicas da China receberam parte desse material e publicaram um artigo sobre a formação lunar e seu período de oceano magmático. Essa parcela da história durou por dezenas a centenas de milhões de anos até que o astro esfriasse.
O grupo estudou fragmentos de basalto de 2,8 bilhões de anos que indicam a presença de lava. Com isso, descobriram que essas rochas são similares em composição aos basaltos de baixo teor de titânio coletados anteriormente pelas missões Apollo, da NASA, no lado próximo da Lua.
Um modelo incompleto sobre a formação da Lua
Anteriormente, havia um modelo de oceano de magma com base em amostras do lado próximo lunar. Essa representação propõe que a Lua recém-nascida passou por um evento de derretimento global.
Após o esfriamento, essa lava se cristalizou e minerais mais densos flutuaram para a superfície, formando a crosta lunar. Enquanto isso, minerais mais densos afundaram e estruturam o manto.
O derretimento restante, enriquecido com elementos incompatíveis, formou uma camada chamada de KREEP. O nome deriva das iniciais de seus principais elementos, o potássio (K), terras raras (REE) e fósforo (P).
“Nossa análise mostrou que a camada KREEP também existe no lado distante da lua. A similaridade na composição de basalto entre os lados distante e próximo indica que um oceano global de magma pode ter abrangido a lua inteira”, disse Che Xiaochao, pesquisador associado do instituto, em um comunicado.

(Imagem: Ittiz / Wikimedia Commons)
No entanto, durante décadas, o modelo esteve incompleto. “Sem amostras do outro lado, era como resolver um quebra-cabeça com metade das peças faltando”, disse Liu Dunyi, pesquisador sênior do instituto.
Os materiais recolhidos pelas missões Apollo e os da Chang’e 6 se diferenciam em relação à quantidade de isótopos de urânio e chumbo. Para explicar isso, os cientistas propõem que o impacto gigantesco que formou a bacia do Polo Sul-Aitken na Lua, com aproximadamente 2,5 mil quilômetros de largura, há cerca de 4,2 bilhões de anos, modificou as propriedades químicas e físicas do manto nessa região.
“Em outras palavras, a Lua já foi coberta por um oceano global de magma, mas bombardeios posteriores de asteroides causaram diferentes processos de evolução nos lados próximo e distante”, explicou o pesquisador Long Tao.
Missões Chang’e expandem pesquisa lunar
A Chang’e 6 foi a segunda missão chinesa a trazer material lunar para a Terra. Sua antecessora, Chang’e 5 recolheu fragmentos do lado próximo da Lua em 2020.
Atualmente, o programa espacial já está na Chang’e 7 e a agência chinesa pretende lançar a sonda Chang’e 8 por volta de 2028. Seu objetivo é realizar experimentos sobre a utilização dos recursos lunares.
Até 2035, espera-se que Chang’e 7 e Chang’e 8 constituam juntas o modelo básico da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS). Ela será um centro para engenheiros, um laboratório para cientistas e um espaço de desenvolvimento para talentos internacionais que pesquisam o espaço profundo, segundo define a agência espacial.
Pesquisas futuras podem trazer melhor compreensão para a origem e formação lunar e muito além disso. “Estudar o histórico de impacto da Lua nos ajuda a entender o passado da Terra, que foi obscurecido por atividades tectônicas”, conclui Long.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/03/20/ciencia-e-espaco/lado-oculto-da-lua-ja-foi-um-oceano-de-magma-revela-china/